Manoel Joaquim Barbosa Castro foi um dos grandes beneméritos povoenses do século XX, tendo, na construção da igreja de Nossa Senhora do Amparo, hoje matriz da paróquia da mesma devoção, a sua obra mais significativa.
Nascido na freguesia de Lanhoso (Póvoa de Lanhoso) no ano de 1820, era filho de Ricardo José Barbosa e de Maria Joaquina de Castro, pequenos proprietários agrícolas do lugar de São Pedro, portas da Vila da Póvoa. Partiu para o Brasil, crê-se que ainda bastente jovem, onde fundou, à sociedade com seu irmão Joaquim Bernardino, a “Casa Comercial Barbosa Castro”. Foi neste estabelecimento que enriqueceu, tendo, nos finais da década de 1860, regressado a Portugal, fixando residência em Lisboa. Contudo, após adquirir a Casa da Botica, passou a residir em permanência na sua Vila natal, onde já se encontrava fixado em 1872. Foi casado com D. Januária de Sá Castro, a quem, na terra, chamavam “a Brasileira”, como a própria quis deixar gravado na sua pedra tumular no jazigo que possuíam no cemitério da Vila. Deste casamento com Dona Januária de Sá Castro, nasceram, legitimamente, duas crianças: Maria de Sá Castro e Artur de Sá Castro.
Homem rico de bens materiais e de amor à sua terra, Barbosa Castro empenhou-se, após o regresso do Brasil, em vários melhoramentos locais. Do seu bolso abastado e da sua “liberalidade”, espírito que enformava quase todos os que, na segunda metade do século XIX vieram ricos do outro lado do Mar Atlântico, saiu dinheiro para muitas obras públicas, como o arranjo do Largo que teria, e ainda tem, o seu nome. Ficou também na memória das gentes da Póvoa a dedicação que votava aos pobres, a quem sempre ajudou na medida das necessidades de cada um e na da sua própria disponibilidade, como ficou registado na imprensa da época.
Contudo, o que o imortalizou, o que gravou a ouro o seu nome na história das Terras de Lanhoso foi a construção, a custas exclusivamente suas, da capela da Senhora do Amparo, hoje igreja matriz da nossa vila, obra que iniciou em 1874 e foi dada por concluída em 1882 como ficou gavado nas paredes interiores da capela mor do edifício. Em vida, sempre disponibilizou aos habitantes da Vila a sua igreja para o culto, tendo esta, após a sua morte, sido alvo de um processo judicial pela sua posse, o qual subiria até ao Supremo e acabaria por ditar a sua definitiva entrega à paróquia da Senhora do Amparo.
Em fim de vida e doente, Barbosa Castro, optou por adquirir uma habitação no Campo de Sant’Ana (actual Avenida Central), em Braga, onde viria a falecer em 16 de Março de 1911.
O semanário “Maria da Fonte” dedicou-lhe uma extensa matéria duas semanas depois da sua morte, onde se lê que: “Senhor d’uma avultada fortuna, amealhada em longos anos de torturantes fadigas em terras de Santa Cruz, num trabalho persistente e extenuador, mas honrado e digno, como honrado e digno era o seu carácter, ninguém melhor do ele soube fazer uso dessa fortuna, conciliando o que devia aos seus, como chefe de uma numerosa família, com os sentimentos de altruísmo e de piedade, que nunca o abandonaram”.
José Abílio Coelho