Filho do casal de agricultores Manuel José Dias e Ana de Araújo Miranda, José António Dias nasceu na freguesia de Gavião, concelho de Vila Nova de Famalicão, no dia 12 de Setembro de 1895. Depois de concluir na sua terra a instrução primária, estudou nos Seminários de Braga, vindo a ser ordenado presbítero em 1918. Foi, depois, prefeito do Seminário Menor.
Em 1925, e depois de por cá ter passado como orador sacro, seria nomeado primeiro pároco de Nossa Senhora do Amparo (Póvoa de Lanhoso), paróquia fundada nesse mesmo ano. Enquanto responsável pela nova comunidade católica da Vila, deu início à festa da Imaculada Conceição e implementou a devoção a Nossa Senhora de Fátima, tendo tido papel primordial na transformação da até então feira de S. José numa grande festa religiosa, e até política, pois escolheu sempre o dia 19 de Março para as inaugurações das obras que, na qualidade de presidente da Câmara, conduziu na nossa terra.
Em 1929 tornou-se um dos fundadores do semanário “A Póvoa de Lanhoso”, órgão que viria a ser, nos anos seguintes, um acérrimo defensou do “Estado Novo”. Em 1930 integrou o grupo de principais promotores para a fundação da nova freguesia civil da Senhora do Amparo (Póvoa de Lanhoso).
Enquanto pároco e homem público, um dos seus papéis mais relevantes, embora pouco divulgado, foi a criação, no edifício da Casa da Botica, do Asilo de S. José que, debaixo da alçada da Conferência de S. Vicente de Paula mas, sobretudo, sob a sua própria protecção, funcionou, na assistência a idosos muito pobres, até ser integrado, nos finais da década de 1960, na Santa Casa da Misericórdia local.
Mantendo-se sempre como pároco, foi provedor da Misericórdia ao longo de quase três décadas, presidente da direcção dos Bombeiros Voluntários da Póvoa de Lanhoso e presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso (1934-1944; 1951-1962), tendo-se afirmado como a mais relevante e influente figura do Estado Novo na Póvoa de Lanhoso, pelo que é incontornável a sua acção e intervenção nos diversos domínios da vida concelhia.
A acção política do Padre José António Dias ficou marcada por duas características distintas: por um lado, foi o prócere autoritário, tantas vezes cruel para com os seus desafectos e opositores, mesmo para com alguns simpatizantes do Estado Novo; por outro, foi um homem de grande influência e acção, tendo, durante os seus mandatos como presidente da Câmara, feito obras grandiosas, de entre as quais de destacam a construção da Escola e Cantina António Lopes, e, sobretudo, o edifício dos Paços do Concelho, que ficou a constituir-se, ele próprio, como um símbolo das obras do Estado Novo. Para ambas estas obras contou com o dinheiro do legado de António Lopes mas, dada a enorme desvalorização da moeda, teve de se empenhar junto dos seus amigos correligionários de Braga e de Lisboa na captação de outras verbas indispensáveis à magnificência dos edifícios. A estrada de acesso ao monte do Pilar e a abertura de um conjunto de vias para servirem algumas freguesia do concelho, ficaram também como marcas da sua passagem pela Câmara.
Faleceu na Póvoa de Lanhoso a 27 de Junho de 1962, investido dos cargos de presidente da Câmara, provedor da Misericórdia e presidente dos Bombeiros.
José Abílio Coelho