Pe. Manuel Magalhães dos Santos |
Manuel Magalhães dos Santos nasceu no lugar da Póvoa da freguesia de Palmeira, concelho de Braga, no
dia 2 de maio de 1927, filho de António Ferreira dos Santos e de sua
mulher D. Teresa de Magalhães, uma família de operários. Fez a instrução
básica em Palmeira, onde foi ensinado por um amigo da família e, em
1939, depois de ter realizado com sucesso todos os exames, ingressou nos
seminários de Braga, sendo ordenado presbítero em 8 de julho de 1951.
A sua primeira paróquia foi a aldeia do Lindoso, arciprestado de Ponte
da Barca, onde se manteve até julho de 1956, altura em que foi
transferido para Celeirós, tendo anexa Santa Ana de Vimieiro. Ali se
manteve até 11 de agosto de 1965, embora fosse pároco já nomeado (e em
funções) de Nossa Senhora do Amparo desde 7 de julho do mesmo ano.
Tendo sido transferido para a Póvoa de Lanhoso contra sua vontade, mas
com a promessa do prelado bracarense de que aqui se manteria apenas por
um ano, acabou por ficar durante mais de meio século. Enquanto pároco,
construiu uma nova residência sacerdotal, fez obras na igreja matriz, no
santuário de Nossa Senhora do Pilar e em praticamente todos os outros
templos da paróquia, construiu um conjunto de pequenas capelas,
espalhadas pelos lugares, destinadas a vários cultos mas, sobretudo, ao
de Nossa Senhora.
Pregador admirado e um orador brilhante, foi um Homem que viajou por quase todos os “cantos do mundo”.
Foi um dos primeiros professores do ciclo preparatório Prof. Gonçalo
Sampaio da vila da Póvoa de Lanhoso, no ano letivo de 1970 1971, tendo
se mantido como tal até se aposentar.
Em 1963 publicou um brilhante
estudo intitulado “Precioso Achado Arqueológico”, referindo-se à
descoberta por parte de trabalhadores agrícolas de um conjunto de moedas
romanas, em Prado, Braga. Em 1974, publicou outro estudo, a que deu
nome de “A Telha de Prado”, no qual apresenta a origem a o
desenvolvimento da indústria da olaria no campo da telha. Foram seus
amigos especiais, nesta fase, os saudosos Doutor Avelino de Jesus da
Costa e cónego Arlindo Ribeiro da Cunha, tendo este último, a seu
pedido, conduzido alguns trabalhos arqueológicos no concelho da Póvoa de
Lanhoso.
O seu amor pela história levou o a recolher, ao longo de
décadas, pormenorizada informação sobre estas Terras, o que lhe
permitiu, em 1990, redigir uma monografia sobre a sua paróquia, com
muito perto de mil páginas. Nela deixou uma enorme quantidade de
informação, capaz de fornecer a quem o deseje fontes e pistas para os
mais diversos trabalhos historiográficos. Em 1995, escreveu um outro
livro, intitulado Bombeiros Voluntários da Póvoa de Lanhoso – Sua Vida e
Sua Lida, onde retrata a história daquela instituição desde a sua
fundação até à data da edição. Em 2005, para celebrar as bodas de
diamante da junta de freguesia da Póvoa de Lanhoso (Nossa Senhora do
Amparo), deu ainda à estampa um breve estudo que teve grande divulgação.
Refira se ainda a honradez e o saber com que dirigiu, durante cerca de
duas décadas, a Casa de Trabalho de Fontarcada, tendo a modernizado e
ampliado, tornando a, assim, uma instituição de referência ao serviço
dos doentes do foro mental em toda a região norte de Portugal.
Em
2010, teve um acidente que o reteve no leito durante algumas semanas,
tendo nessa altura sido destituído da paróquia pelo prelado bracarense,
mais uma vez contra a sua vontade.
Continuou a habitar na Póvoa de
Lanhoso, tendo completado em 2 de maio passado 90 anos de vida. Morreu
nesta mesma vila na noite de 1 de novembro de 2017.
José Abílio Coelho