segunda-feira, 25 de junho de 2012

Doutor Manuel Joaquim Ferreira (1890 -1963) – Médico e professor catedrático



Prof. Doutor Manuel Ferreira
Manuel Joaquim Ferreira nasceu em São Martinho do Campo, concelho da Póvoa de Lanhoso, em 18 de Março de 1890. Era filho legítimo de Domingos José Ferreira e de D. Maria da Luz Novais, pequenos proprietários no lugar do Assento, ambos naturais da mesma freguesia; neto paterno de Lourenço José Ferreira e D. Joana (?) Fernandes e materno de João Bernardo de Macedo e D. Custódia Maria Novais [1].
Concluída na escola da sua freguesia natal a instrução primária, frequentou seguidamente os liceus de Braga e de Guimarães, onde seguiu até ao 7º ano de Letras. Presumindo-se vocacionado para a vida religiosa, inscreveu-se no Seminário Conciliar de Braga onde concluiu Teologia. Mas a sua verdadeira vocação havia de o levar a repetir o 7º ano, desta vez na área de ciências, seguindo em 1917 para a Faculdade de Medicina do Porto onde, no meio de uma geração que contava excepcionais valores, ele logo conseguiu distinguir-se entre todos eles [2] . E assim no meio das classificações distintas dos seus condiscípulos, o nome de Manuel Ferreira, o estudante da Póvoa de Lanhoso, aparecia com frequência nas pautas com a elevada nota de 20 valores. Ganhou nessa altura, entre os estudantes do seu tempo, a alcunha significativa de “Manuelzinho dos Vintes”.
As suas superiores capacidades levaram a que, ainda estudante, fosse contratado em Janeiro de 1922 para o lugar de 1º assistente da 3ª secção (Botânica). Concluída a licenciatura em Medicina, em Março de 1923, foi nomeado assistente da Faculdade de Medicina. Doutorou-se em Março de 1928 com uma tese intitulada “A Pelagra”.
Em Maio de 1931 e precedendo concurso foi nomeado professor auxiliar da Faculdade de Ciências do 2º Grupo (Botânica). Em 1938 foi contratado professor catedrático de Botânica, passando a efectivo em 1942, com propriedade da cadeira de Botânia sistemática. Em 1956 deixou a titularidade dessa cadeira para tomar a de Biologia. Foi ainda professor da cadeira de Criptogamia e Fermentações da Faculdade de Farmácia.
Exerceu como secretário de bibliotecário da Faculdade de Ciências, foi director do Instituto de Zoologia Marítima “Dr. Augusto Nobre” e do Instituto de Botânica “Dr. Gonçalo Sampaio”, vogal da Comissão Permanente de Farmacopeia Portuguesa e director do Centro de Estudos de Ciências Naturais do Instituto de Alta Cultura.
Como homem de ciência, deixou publicados numerosos trabalhos, sendo de sua autoria a fórmula de um antibiótico que denominou “Lusomicina”.
Quando chegou a hora de se aposentar, recusou que colegas, amigos e discípulos comemorassem o seu jubileu.
Em 1931 casou com D. Rita Martins de Macedo, de 36 anos, residente na freguesia de São Sebastião, concelho de Guimarães. O casal não teve filhos.
Faleceu no Porto, na sua residência da Rua do Amial, no dia 22 de Fevereiro de 1963. Contava 72 anos de idade. Fora casado com D. Rita Carolina Gomes Ferreira; era irmão das senhoras D. Adelina Novais Ferreira e Inês Novais Ferreira, esta casada com o Dr. Manuel de Sousa Castilho.
A notícia da sua morte, publicada no jornal O Primeira de Janeiro, dizia que “com a morte do Prof. Dr. Manuel Ferreira desaparece, não apenas o mestre eminente e o médico abalizado que deixa uma obra inteligente e fecunda, mas o homem bom que sabia prender pelo culto da amizade e cujo coração, dum verdadeiro justo, se dava inteiramente”[3].
O seu nome consta da toponímia da Póvoa de Lanhoso.

José Abílio Coelho





[1] ADB, Livro de assentos de Baptismo da Freguesia de São Martinho de Campo, 1882-1902, fl. 24.
[2] A família não era rica. Atesta-o o pedido que o próprio apresentou à Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso, em Outubro de 1919, solicitando que lhe fosse passado “atestado de optimo comportamento moral e civil ao requerente Manuel Joaquim Ferreira, e de tanto ele como os paes são carentes de meios e não possuem recursos com que possam suprir as despesas do tirocinio escolar do mesmo requerente”. Cf. Arquivo Municipal da Póvoa de Lanhoso, Livro de actas da camara (nº 20 - 20 de Junho de 1918 a 17 de Dezembro de 1920), acta de 5 de Outubro de 1919, fl. 56v.
[2] Cf. “O Primeiro de Janeiro” de 23 de Fevereiro de 1963.

sábado, 2 de junho de 2012

António Sousa Fernandes (n. 1936) – Sacerdote, professor universitário e autarca


Padre Doutor Sousa Fernandes
António Manuel de Sousa Fernandes nasceu na freguesia de Brunhais, Póvoa de Lanhoso, em 1936.
Depois de, pelos 10 anos de idade, ter concluído na escola da sua freguesia natal a instrução primária, seguiu para Braga onde, na escola Carlos Amarante, fez o curso elementar de comércio. No Sá de Miranda concluiu o percurso liceal. Em 1961 terminou o curso de Teologia no Seminário Conciliar de Braga, tendo-se ordenado sacerdote. Seguiu depois para Lisboa, onde se licenciou em Direito, tendo feito cursos de pós-graduação em França e nos Estados Unidos da América. A sua formação abrange ainda o campo da música, tendo frequentado o curso geral de órgão do Centro de Estudos Gregorianos, em Lisboa, e os de violino e canto na Escola Calouste Gulbenkian, em Braga.
Entre 1967 e 1970 desempenhou funções no Tribunal Eclesiástico de Braga. Entre 1969 e 1975, foi advogado e lecionou no ensino particular. Em 1975, entra na Universidade do Minho como assistente na Unidade de Ciências da Educação, departamento onde chegou a professor associado. Foi presidente do Instituto de Estudos da Criança. A sua tese de doutoramento, defendida em 1992, intitulou-se “A centralização burocrática do ensino secundário”.
Foi um dos fundadores do Partido Socialista de Braga. Enquanto autarca, presidiu durante vários mandatos à Assembleia Municipal de Braga tendo, ainda, sido presidente da Câmara da mesma cidade entre Junho e Novembro de 1993.