Prof. Doutor Manuel Ferreira |
Manuel Joaquim
Ferreira nasceu em São Martinho do Campo, concelho da Póvoa de Lanhoso, em 18
de Março de 1890. Era filho legítimo de Domingos José Ferreira e de D. Maria da Luz Novais, pequenos proprietários no lugar do Assento, ambos naturais da mesma freguesia; neto paterno de Lourenço José Ferreira e D. Joana (?) Fernandes e materno de João Bernardo de Macedo e D. Custódia Maria Novais [1].
Concluída na
escola da sua freguesia natal a instrução primária, frequentou seguidamente os
liceus de Braga e de Guimarães, onde seguiu até ao 7º ano de Letras.
Presumindo-se vocacionado para a vida religiosa, inscreveu-se no Seminário
Conciliar de Braga onde concluiu Teologia. Mas a sua verdadeira vocação havia
de o levar a repetir o 7º ano, desta vez na área de ciências, seguindo em 1917
para a Faculdade de Medicina do Porto onde, no meio de uma geração que contava
excepcionais valores, ele logo conseguiu distinguir-se entre todos eles [2] .
E assim no meio das classificações distintas dos seus condiscípulos, o nome de Manuel
Ferreira, o estudante da Póvoa de Lanhoso, aparecia com frequência nas pautas
com a elevada nota de 20 valores. Ganhou nessa altura, entre os estudantes do
seu tempo, a alcunha significativa de “Manuelzinho dos Vintes”.
As suas
superiores capacidades levaram a que, ainda estudante, fosse contratado em
Janeiro de 1922 para o lugar de 1º assistente da 3ª secção (Botânica).
Concluída a licenciatura em Medicina, em Março de 1923, foi nomeado assistente
da Faculdade de Medicina. Doutorou-se em Março de 1928 com uma tese intitulada “A
Pelagra”.
Em Maio de
1931 e precedendo concurso foi nomeado professor auxiliar da Faculdade de
Ciências do 2º Grupo (Botânica). Em 1938 foi contratado professor catedrático
de Botânica, passando a efectivo em 1942, com propriedade da cadeira de Botânia
sistemática. Em 1956 deixou a titularidade dessa cadeira para tomar a de
Biologia. Foi ainda professor da cadeira de Criptogamia e Fermentações da
Faculdade de Farmácia.
Exerceu como
secretário de bibliotecário da Faculdade de Ciências, foi director do Instituto
de Zoologia Marítima “Dr. Augusto Nobre” e do Instituto de Botânica “Dr.
Gonçalo Sampaio”, vogal da Comissão Permanente de Farmacopeia Portuguesa e
director do Centro de Estudos de Ciências Naturais do Instituto de Alta
Cultura.
Como homem
de ciência, deixou publicados numerosos trabalhos, sendo de sua autoria a fórmula
de um antibiótico que denominou “Lusomicina”.
Quando chegou
a hora de se aposentar, recusou que colegas, amigos e discípulos comemorassem o
seu jubileu.
Em 1931 casou com D. Rita Martins de Macedo, de 36 anos, residente na freguesia de São Sebastião, concelho de Guimarães. O casal não teve filhos.
Em 1931 casou com D. Rita Martins de Macedo, de 36 anos, residente na freguesia de São Sebastião, concelho de Guimarães. O casal não teve filhos.
Faleceu no
Porto, na sua residência da Rua do Amial, no dia 22 de Fevereiro de 1963. Contava
72 anos de idade. Fora casado com D. Rita Carolina Gomes Ferreira; era irmão
das senhoras D. Adelina Novais Ferreira e Inês Novais Ferreira, esta casada com
o Dr. Manuel de Sousa Castilho.
A notícia da
sua morte, publicada no jornal O Primeira
de Janeiro, dizia que “com a morte do Prof. Dr. Manuel Ferreira desaparece,
não apenas o mestre eminente e o médico abalizado que deixa uma obra inteligente
e fecunda, mas o homem bom que sabia prender pelo culto da amizade e cujo
coração, dum verdadeiro justo, se dava inteiramente”[3].
O seu nome consta da toponímia da Póvoa de Lanhoso.
O seu nome consta da toponímia da Póvoa de Lanhoso.
José Abílio Coelho
[1] ADB, Livro de assentos de Baptismo da Freguesia de São Martinho de Campo, 1882-1902, fl. 24.
[2] A família não era rica. Atesta-o o pedido que o próprio apresentou à Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso, em Outubro de 1919, solicitando que lhe fosse passado “atestado de optimo comportamento moral e civil ao requerente Manuel Joaquim Ferreira, e de tanto ele como os paes são carentes de meios e não possuem recursos com que possam suprir as despesas do tirocinio escolar do mesmo requerente”. Cf. Arquivo Municipal da Póvoa de Lanhoso, Livro de actas da camara (nº 20 - 20 de Junho de 1918 a 17 de Dezembro de 1920), acta de 5 de Outubro de 1919, fl. 56v.
[2] Cf. “O Primeiro de Janeiro” de 23 de Fevereiro de 1963.