terça-feira, 3 de setembro de 2013

João Antunes Pardelho (1935-) – Escritor


João Antunes Pardelho
João Maria Fernandes Antunes Pardelho nasceu na vila da Póvoa de Lanhoso, a 15 de Janeiro de 1935.
Depois de completar, na Escola António Lopes, a instrução primária, continuou estudos na Escola Industrial Infante D. Henrique, no Porto, vindo a completar o ensino liceal no Liceu Sá de Miranda (Braga). Frequentou ao mesmo tempo a Aliança Francesa.
Em 1955, com vinte anos de idade, ingressou na função pública, da qual viria a aposentar-se, em 1990, com a categoria de Tesoureiro da Fazenda Pública.
Quando jovem, foi jogador do Sport Club Maria da Fonte, vindo mais tarde, e durante vários anos, a integrar a direção da mesma instituição. Fez, ainda, parte dos elencos teatrais da década de 1950, participando em vários espetáculos no Theatro Club, nomeadamente nas peças Cama Mesa e Roupa Lavada e A Espadelada.
João Antunes Pardelho viria a estrear-se como escritor com o romance Marta, um trabalho de fôlego “que, fruto de trabalho intenso e excelente técnica narrativa, oferece ao leitor uma história com um ritmo vigoroso, associada a uma imaginação sugestiva e viva”. Publicou, de seguida, um livro de memórias intitulado Acontecimentos Marcantes da Minha Vida, inserindo textos com imensas referências à Póvoa de Lanhoso do século XX, sendo Automóveis com Mau Olhado o título do seu último trabalho em livro.
Outro romance de João Antunes Pardelho está neste momento no prelo.
Para além de um excelente escritor, João Antunes Pardelho é um fotógrafo de grande mérito. Do seu trabalho destaca-se, pela qualidade das imagens, a exposição que em 2009 esteve patente na galeria do Theatro Club da Póvoa de Lanhoso.

José Abílio Coelho

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Lino António Vieira de Brito (1829 – 1911) - Benemérito


Lino António Vieira e Brito
Lino António Vieira de Brito, nasceu na freguesia de Frades, concelho da Póvoa de Lanhoso, no dia 7 de Julho de 1829, filho de Domingos Vieira de Brito e Josefa Vieira Ribeira; neto paterno de António Luís Vieira de Brito e Teresa Maria, da freguesia de Frades; neto materno de José Gonçalves e Ana Vieira Ribeira, da freguesia de Rendufinho. Recebeu o sacramento do baptismo, pelo reverendo padre Francisco José Ribeiro, no dia 12 de Julho de 1829, na igreja paroquial de Santo André de Frades, com o nome de Lino António, sendo padrinhos os seus tios Manuel António Fernandes e mulher Maria Joana, do lugar de Agra, freguesia de Rossas[1].
Da sua infância e juventude nada sabemos. Sabe-se que, como tantos outros, na sua época, partiu um dia para o Brasil para melhorar a vida em terras de além-mar, mundo para ele, provavelmente, desconhecido, mas apetitoso para tentar a sua sorte.
Quanto à sua ida e regresso do Brasil, apenas encontrámos um registo no Livro de Registos de Passaporte, com a seguinte descrição: “Lino António Vieira de Brito, 21/07/1886, solteiro, filho de Domingos Vieira de Brito, natural de Santo André de Frades, 57 anos de idade, destino Rio de Janeiro, observações: – regressa[2].
Foi com a sua vinda do Brasil que se tornou um benemérito da sua aldeia natal, nomeadamente, da capela de São Mamede, no cimo da montanha de Penafiel (também conhecido por monte de São Mamede), na freguesia de Frades.
Como era comum ao seu tempo, os ricos “brasileiros”, que alcançavam fortuna, em terras de Vera Cruz, tinham acções de benemerência e beneficência abnegada para com as suas terras natais[3].
Assim, Lino António Vieira de Brito foi também um “brasileiro” que não se esqueceu da sua freguesia de Santo André de Frades. Talvez por sua influência, reconstruiu-se uma velha ermida, que se encontrava em ruínas no alto da montanha de Penafiel (monte de São Mamede).  
Deste modo, podemos encontrar hoje, na capela do Mártir São Mamede, uma lápide de mármore que nos diz:

O Benfeitor Lino António Vieira de Brito, da Casa da Torre, d´esta freguesia de Frades, mandou fazer a capella mor deste Sanctoário, começaram as obras a 10 de Setembro de 1906 e acabaram a 10 de Julho de 1907.

A inauguração e bênção deste novo templo ocorreu durante a romaria de São Mamede, no dia 17 de Agosto de 1907.
Inicialmente, com a reconstrução deste novo templo, era propósito construir uma capela com uma dimensão muito superior à actual; pois, segundo o projecto primitivo, o corpo da capela que hoje temos seria a capela-mor.
Ora, como o dinheiro era escasso a capela manteve-se com a sua traça original durante várias décadas, sendo concluída nos finais dos anos 1950 e inícios da década de 1960, com a construção da actual capela-mor[4].
O benemérito, Lino António Vieira de Brito, não se casou, mas deixou descendência.
No seu testamento reconhece como seus filhos legítimos, Arminda Rosa da Costa, que casou para a freguesia de Covelas, com Manuel Ramos de Barros Pereira; e, Emílio António Vieira de Brito. No mesmo testamento, não se esquece da sua freguesia, contemplando com cinquenta mil réis a Junta da Paróquia da freguesia de Frades, para obras ou reparos na capela de São Mamede[5].
Contudo, podemos encontrar referência ao legado de Lino António Vieira de Brito no livro de lançamento de contas da Junta da Paróquia da freguesia de Frades, no ano de 1913, sob o artigo 3.º que menciona: “Recebeu-se o legado deixado por falecimento de Lino António Vieira de Brito - 50$00[6]
Faleceu em 17 de Fevereiro de 1911, numa casa no lugar da Rua, na freguesia de Frades[7].

Sérgio Machado


[1] Cfr. Arquivo Distrital de Braga, Fundos Paroquiais da Póvoa de Lanhoso, Paróquia de Santo André de Frades, livro n.º 99, Misto, N.º 1808-1857, C.º 1809-1859, fl. 26v.
[2] Cfr. Arquivo Distrital de Braga, Base de dados do Livro de Registos de Passaporte, n.º 367.
[3] Sobre o papel dos emigrantes portugueses que regressavam do Brasil, em Portugal, apelidados no século XIX, por “brasileiros”, entre outros estudos, vide Maria Marta Lobo Araújo; Alexandra Esteves; José Abílio Coelho, Renato Franco, Os Brasileiros Enquanto Agentes de Mudança: Poder e Assistência, CITCEM/Fundação Getúlio Vargas, Braga/Rio de Janeiro, 2013. 
[4] Para uma abordagem histórica acerca das capelas do cimo da montanha de Penafiel (Monte de São Mamede), como dos seus envolventes vide o nosso, Subindo o Monte de Penafiel de Soaz Ao Encontro de São Mamede, Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso, Póvoa de Lanhoso, 2006.
[5] Cfr. Arquivo Distrital de Braga, Inventários Orfanológicos da Póvoa de Lanhoso, Processo n.º 3447, 1911, fl. 4.
[6] Cfr. Arquivo da Junta de Freguesia de Frades, Livro de Lançamento de Contas da Junta da Paróquia da freguesia de Frades, anos de 1881 a1918, fl. 36 v.; podemos encontrar no mesmo Arquivo um pequeno conjunto de folhas intitulado por: Orçamento – 1.º Suplementar da receita e despesa da Junta da Paróquia da freguesia de Frades, ano 1913; constando como receita o seguinte: “Legado deixado à Junta da Paróquia desta freguesia por falecimento Lino António Vieira de Brito para obras da capela de São Mamede”.  
[7] Cfr. Arquivo Distrital de Braga, Fundos Paroquiais da Póvoa de Lanhoso, Paróquia de Santo André de Frades, livro n.º 437, Misto, 1911, fl. 1.