Eduardo José Barbosa |
Eduardo
José Barbosa, nasceu no Hospital António Lopes, na vila da Póvoa de Lanhoso, no
dia 30 de Setembro de 1927, filho de Jardelino Barbosa e Bárbara Ferreira.
Com
cinco anos de idade fica órfão de mãe, mais os seus quatro irmãos. O seu pai,
Jardelino Barbosa, com poucas posses financeiras e com as dificuldades
inerentes à morte da sua mulher, de cuidar dos seus cinco filhos, achou por bem,
dar à guarda o pequeno Eduardo, aos seus padrinhos de baptismo, que eram um
casal abastado e sem filhos, a residir na cidade de Guimarães.
O
então pequeno Eduardo Barbosa foi viver para a cidade Berço, na perspectiva de
ter um futuro bom e propício. Aí, aprendeu a ler e a escrever, onde viria a
concluir a quarta classe, com doze anos de idade.
Após
concluir o ciclo da instrução primária, era desejo do seu padrinho que o
Eduardo Barbosa fosse para um Seminário, para que este seguisse a vida
religiosa; porém, esta ideia não era do seu agrado.
Como
não era o seu propósito frequentar um Seminário, Eduardo Barbosa, resolveu um
dia fugir da casa dos seus padrinhos, na tentativa de encontrar o seu pai.
Então,
um dia, quando a criada dos seus padrinhos, natural da Póvoa de Lanhoso, veio à
terra, resolveu seguir esta como forma de guia para chegar à sua terra natal.
Chegado
à Póvoa de Lanhoso foi ao encontro de uma tia, conhecida no meio povoense como
- “Mariquinhas da Fruta”, para saber notícias do paradeiro do seu pai. A dita
tia não o podia acolher por muito tempo em sua casa, uma vez, que já tinha
acolhido um dos seus irmãos, além de ter uma família numerosa.
A
tia informou-o que seu pai encontrava-se a trabalhar em Terras de Barroso,
nomeadamente, nas minas da Borralha, onde realizava a exploração do minério.
Determinado
em encontrar o pai, parte numa longa jornada a caminho das minas da Borralha.
Chegado aí, encontra o pai, mais a sua nova mulher e três irmãos consanguíneos,
no qual foi bem recebido e acolhido.
De
imediato, o pai, Jardelino Barbosa, arranjou emprego, nas minas da Borralha,
para o filho, em que lhe foi incumbida a tarefa de auxiliar do trabalho
minério, apelidado na gíria de “pincha”.
Como
Eduardo Barbosa sabia ler e escrever, coisa pouco comum, naquela época, o
engenheiro que coordenava o extrato do minério convidou-o para um cargo
superior e cedeu-lhe uma casa própria. Então, com catorze anos de idade, sai da
casa do pai e vai ao encontro de uma vida própria e independente.
Aos
dezassete anos de idade, conhece aquela que viria a ser a sua mulher, Maria
Joaquina Antunes, nascida a 30 de Março de 1929, no lugar do Pinheiro; que com
naturalidade contraíam casamento, em Junho de 1947. Dessa união, nasceram
quatro filhos: Jardelino Antunes Barbosa, nasce a 19 de Agosto de 1948; Emília
da Conceição Antunes Barbosa, nasce a 1 de Maio de 1959; Fenando Eduardo
Antunes Barbosa, nasce a 14 de Setembro de 1961; e Zulmira Fernanda Antunes
Barbosa, nasce a 3 de Setembro de 1963.
Com
vinte e um anos de idade é chamado a cumprir o serviço militar, na cidade do Porto,
onde permaneceu durante dois anos.
Findo
o serviço militar, regressa novamente para a extração do minério, nas minas da
Borralha, agora com a função de chefe de equipa.
No
dia 1 de Maio de 1959, dão por terminados os trabalhos da exploração do minério
e sem trabalho volta à sua terra natal.
Num
período em que Portugal estava sobre as vestes de um regime ditatorial,
denominado de Estado Novo, Eduardo Barbosa impunha-se, em segredo, ao então
regime vigente, participando em tertúlias com pequenos grupos restritos.
Assim,
numa das várias reuniões contra o regime, realizadas no café “Ouro Negro”, na
vila da Póvoa de Lanhoso, em que se conversava sobre a morte do General
Humberto Delgado, (estava presente também - Eduardo Barbosa), foram, de súbito,
alertados que a PIDE se encontrava no local para os prender. O que não chegou a
suceder, porque foram avisados pelo barbeiro Pinto que, de seguida, os escondeu
em sua casa, durante dois dias e duas noites.
Também,
por esta época, arranja um trabalho na construção da estação dos Correios, na
freguesia de Travassos, concelho da Póvoa de Lanhoso, deslocando-se,
diariamente, numa longa caminhada do Pinheiro até Travassos.
Pelo
ano de 1962, consegue um novo trabalho na construção da Barragem dos Pisões,
levando consigo o filho mais velho. Aqui, assume novamente a função de chefe de
equipa.
No
ano de 1964, vê-se obrigado a fugir para a França, com o seu filho primogénito,
para que este não fosse para a guerra colonial.
Depois
de cinco anos a trabalhar em terras francesas, regressa a Portugal, no ano de
1968, pois a sua mulher encontrava-se muito doente.
Logo
que chegou a Portugal, os engenheiros que o tinham contratado para a Barragem
dos Pisões, chamam-no para a construção da Barragem da Valeira, em São João da
Pesqueira, com o mesmo cargo que tinha anteriormente. Depois de concluída esta
nova barragem, foi recrutado para a construção da Barragem de Vilarinho das
Furnas, em Terras de Bouro.
Construída
a Barragem de Vilarinho das Furnas, foi convidado para ser o encarregado geral
na obra de construção da “Sacoor”, em Matosinhos.
Quando
ocorreu o 25 de Abril de 1974, encontrava-se em casa, no lugar do Pinheiro,
devido a um problema nos joelhos. Nessa manhã, descobriu, através da rádio, que
o regime do Estado Novo tinha caído.
Ao
ter presente tal notícia rejubilou de alegria, reunindo de imediato a família
levando-a consigo para festejar a liberdade nas ruas da vila da Póvoa de
Lanhoso.
Foi
um homem de fortes convicções políticas, que após o 25 de Abril de 1974, sempre
defendeu os ideais de esquerda, nomeadamente os valores socialistas; no qual se
empenhou por uma sociedade mais justa e igualitária.
Devido
aos sucessivos problemas nos joelhos é aposentado em 1977, começando a
dedicar-se um pouco mais à participação cívica, designadamente à política.
Por
conseguinte, fez parte, por diversas vezes, das listas do Partido Socialista à
Assembleia de Freguesia de Lanhoso, no qual a sua lista saiu vitoriosa nas
eleições autárquicas de 12 de Dezembro de 1993. Assim sendo, durante dois
mandatos desempenhou, com muita dignidade, o cargo de tesoureiro da Junta de Freguesia
de Lanhoso, pelas listas do seu partido político que muito honrava.
Ademais,
foi um homem de trabalho, amigo do seu amigo, e um dedicado chefe de família,
pois nunca faltou com nada à sua mulher, aos seus quatro filhos e aos netos.
Sempre
se pautou por uma conduta de respeito, gozando assim de grande estima no seio
da sociedade povoense.
A
sua indubitável simplicidade e o respeito pelo seu próximo tornou-o num grande
homem. O seu exemplo de vida, enquanto marido, pai, avô, cidadão e autarca deixou
rastos e marcas com quem conviveu de perto com Senhor Eduardo José Barbosa. Por
isso, temos a ousadia de buscar as palavras do poeta, José Regio:
Ele, o que amou,
sonhou, cantou, sofreu,
E em cujo
próprio desespero ri
Um rastro de
mais mundos e mais céu,
Foi isso e muito
mais! – não cabe aqui.
Se podes crer
que enfim se desprendeu,
Encontrá-lo-ás
em tudo… e até em ti.[1]
Faleceu
em 28 de Janeiro de 2013, sendo sepultado em jazigo de família, no cemitério
Municipal da Póvoa de Lanhoso.
Sérgio
Machado
[1] José Régio, “Epitáfio do Poeta”,
Obra Completa – Poesia, Vol. I,
Imprensa Nacional Casa da Moeda, Lisboa, 2004, p. 190.
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