Padre Custódio José da Costa (1927-2014) |
Foi a 6 de Agosto de 2014, que o saudoso Padre Custódio José da Costa deixou a Jerusalém terrestre para doravante permanecer na Jerusalém do Alto. Grande parte da sua vida foi passada no Concelho da Póvoa de Lanhoso.
Traçar
o percurso terreno de quem partiu para uma dimensão celestial é evocar a
memória pois, como diz o poeta, Luís de Camões: “Vivo em lembranças, morro de esquecido/ impressa tenho na alma larga
história/ deste passado bem, que nunca fora/ (ou fora, e não passara); mas já
agora/ em mim não pode haver mais qua a memória”[1].
O
Padre Custódio nasceu a 20 de Julho de 1927, na freguesia de Espinho, concelho
de Braga, filho de Manuel Joaquim da Costa e Maria de Jesus Cunha.
Após
a instrução primária na sua freguesia, frequentou os Seminários Arquidiocesanos
de Braga, sendo ordenado presbítero em 15 de Agosto de 1953, na Sé Catedral de
Braga, pelo então Arcebispo de Braga Dom António Bento Martins Júnior[2].
A sua
primeira missa realizou-se no dia 16 de Agosto de 1953, no Santuário de Nossa
Senhora do Sameiro, freguesia de Espinho, Concelho de Braga[3].
Ao longo do seu percurso sacerdotal e pastoral destacam-se as
seguintes nomeações feitas pelos respectivos Prelados da Arquidiocese de Braga:
17 de Agosto de 1953, Pároco de Paços, Melgaço; 01 de Outubro de 1962, Pároco
de Rendufinho, Póvoa de Lanhoso; 15 de Outubro de 1975, Pároco de Frades e
Calvos, Póvoa de Lanhoso; 05 de Agosto de 1993, dispensado da paroquialidade de
Calvos, continuando com a de Rendufinho e Frades; 21 de Julho de 2002,
dispensado da paroquialidade anterior.
Entre os
anos de 2002 a 2006, o Padre Custódio ajudou sempre os seus colegas sacerdotes,
principalmente na sua paróquia natal e no Santuário de S. Bento da Porta
Aberta.
Por fim,
desde 2008, residia na comunidade da Casa Sacerdotal da Arquidiocese de Braga.
Como acima
referimos, faleceu no dia 6 de Agosto. O seu funeral realizou-se na manhã do
dia 8 de Agosto, na freguesia de Espinho, Braga, sendo sepultado no cemitério
da mencionada freguesia. Presidiu às exéquias fúnebres o Senhor Bispo Auxiliar
de Braga, D. Francisco Senra Coelho.
Recordar
o Padre Custódio é lembrar um homem bom, simples, humilde e discreto.
Não
buscava protagonismo, nem vaidades. Isto, podem afirmar as instituições que o
Padre Custódio ajudou, por exemplo, monetariamente, renegando sempre qualquer
tipo de homenagem.
Quem
com ele conviveu sabe que, a sua vida sacerdotal, foi espelho abnegado ao serviço a Deus, à Igreja e aos homens. Dedicando o
seu múnus sacerdotal, numa entrega e atitude de fidelidade a Cristo e ao seu
Evangelho.
Parece-nos, no entanto, que a sua
entrega de vida aos outros teve como lema o trecho bíblico: “Fiz-me fraco com os fracos, para ganhar os
fracos. Fiz-me tudo para todos, para salvar alguns a qualquer custo. E tudo
faço por causa do evangelho, para dele me tornar participante[4]”.
Recordá-lo
enquanto Pároco de Rendufinho, Frades e Calvos é lembrar um sacerdote dedicado,
sempre presente nos momentos bons e maus das comunidades que serviu. Marcou,
assim, fortemente, sucessivas gerações.
Além
de, nunca descurar as suas obrigações pastorais. Por vezes, com prejuízos para
a sua própria saúde.
Avivamos
a memória, a dedicação que tinha com os mais pequenos, das suas deslocações
semanais às escolas primárias das suas paróquias, onde ia transmitir os
ensinamentos da doutrina da Igreja Católica.
Também,
recordamos um sacerdote de sacrifícios, pois como ele próprio afirmava: “um sacerdote tem que fazer muitos
sacrifícios”. Assim, com espírito de sacrifício, deslocava-se, diariamente,
a pé, para as suas paróquias, por vezes, com condições climáticas adversas, com
chuvas fortes. Pela sua forma simples de viver, evitava conduzir o seu veículo
automóvel.
Era
um homem de grande oração e devoção. Subia, incansavelmente, o Monte de São
Mamede, na freguesia de Frades, para orar ao mártir que aí se venera.
Como
admirador daquela bonita instância, era ele próprio que matinha a sua limpeza,
recolhendo lixos. Além disso, víamos muitas vezes pelos caminhos e estradas a
recolher atritos que outros danificavam a mãe natureza.
Podemos
concluir que, fez da sua vida um autêntico testemunho de doação, de alegria, de
serviço aos outros. Fica-nos o testemunho do sacerdote exemplar e do pastor
dedicado.
Sérgio
Machado
[1] Luís de Camões, Sonetos.
[2] Vide Jornal “Diário do Minho” de 17 de
Agosto de 1953.
[3] O Jornal “Diário
do Minho” de 18 de Agosto de 1953, o seu redactor deu conta da Missa Nova do
Padre Custódio José da Costa, em que escreveu: “No altar-mor estavam além de toda a família do Rev.o Padre Custódio os
convidados e entre eles viam-se os Srs. António Maria Santos da Cunha,
Presidente da Câmara Municipal de Braga, António Fernandes de Araújo, Vereador
da mesma; Rev.o Padre Manuel Miranda (antigo pároco da freguesia de espinho e
que baptizou o novo presbítero), Henrique Pereira, da Presidência da Câmara e
alguns colegas do novo sacerdote.
Nas
partes laterais do altar viam-se também as meninas e meninos das cruzadas assim
como componentes da Acção Católica da mesma freguesia…”.
[4] Cfr. 1 Coríntios,
9, 22-23.