D. Cândida Carneiro Soares de Campos e António José de Matos, viscondes de Nossa Senhora de Porto d'Ave |
O túmulo do Visconde de Porto d'Ave no Rio de Janeiro (chama-se a atenção para o erro no mês de nascimento) |
António José de Matos, futuro visconde Porto d’Ave, nasceu no lugar de Leiradela, da freguesia de Travassos, no dia cinco de Novembro de 1844. Era filho legítimo de Bernardo António de Matos e de sua mulher D. Clementina de Matos, e neto paterno de João de Matos e de Maria Barbosa, residentes no referido lugar de Leiradela de Travassos, e materno Manoel de Matos e Maria Luiza, estes residentes na freguesia de São Paio de Brunhais, de onde a mãe do pequeno António era natural. Foi baptizado em Travassos no dia 10 do mesmo mês e ano, sendo celebrante o encomendado padre Custódio José Pereira e padrinhos João António de Carvalho e Maria José Antunes, residentes em Parada de Bouro[1].
António
José de Matos emigrou para o Brasil em data que desconhecemos, país onde viria
a enriquecer.
Ali casou com D. Cândida Carneiro Soares de Campos, natural do Rio de Janeiro onde nasceu em 1868, filha do militar Manuel Francisco Coelho de Oliveira Soares, promovido a tenente do exército brasileiro em 27 de Agosto de 1849, e, mais tarde, director administrativo do Hospital Militar da Guarnição da Corte do Rio de Janeiro (entre 26-04-1879 a 20-02-1889) já então com a patente de coronel[2], e de sua mulher D. Vitorina Carneiro de Campos.
Em 1892, com 49 anos de idade, inscrevia-se António José como confrade de Nossa Senhora de Porto d’Ave, sendo rapidamente eleito juiz da instituição. Na mesma data, entrava também para Irmã da Confraria portodavense sua esposa, D. Cândida, que contava 24 anos de idade. Tinha o casal, nessa altura, pelo menos três filhos: Cleonice (5 anos), Cristiano (4 anos) e Adelstano Soares de Matos (3 anos).
Em 1897, publicava o semanário local Maria da Fonte uma breve notícia intitulada “Novo Titular”, dando conta de que fora “agraciado com o título de visconde de Nossa Senhora do Porto d’Ave o Sr. António José de Martos, opulento capitalista da freguesia de Travassos”[3]. Efectivamente, o título nobiliárquico ao único visconde de Porto d’Ave foi outorgado a António José de Matos, pelo rei D. Carlos, por decreto de 26 de outubro de 1897.
Ali casou com D. Cândida Carneiro Soares de Campos, natural do Rio de Janeiro onde nasceu em 1868, filha do militar Manuel Francisco Coelho de Oliveira Soares, promovido a tenente do exército brasileiro em 27 de Agosto de 1849, e, mais tarde, director administrativo do Hospital Militar da Guarnição da Corte do Rio de Janeiro (entre 26-04-1879 a 20-02-1889) já então com a patente de coronel[2], e de sua mulher D. Vitorina Carneiro de Campos.
Em 1892, com 49 anos de idade, inscrevia-se António José como confrade de Nossa Senhora de Porto d’Ave, sendo rapidamente eleito juiz da instituição. Na mesma data, entrava também para Irmã da Confraria portodavense sua esposa, D. Cândida, que contava 24 anos de idade. Tinha o casal, nessa altura, pelo menos três filhos: Cleonice (5 anos), Cristiano (4 anos) e Adelstano Soares de Matos (3 anos).
Em 1897, publicava o semanário local Maria da Fonte uma breve notícia intitulada “Novo Titular”, dando conta de que fora “agraciado com o título de visconde de Nossa Senhora do Porto d’Ave o Sr. António José de Martos, opulento capitalista da freguesia de Travassos”[3]. Efectivamente, o título nobiliárquico ao único visconde de Porto d’Ave foi outorgado a António José de Matos, pelo rei D. Carlos, por decreto de 26 de outubro de 1897.
Ministério do Reino. Dom Carlos por Graça de Deus
Rei de Portugal e dos Algarves etc. Faço saber aos quantos esta Minha Carta
virem que Attendendo aos merecimentos e qualidades que concorrem em Antonio José
de Mattos, proprietário e capitalista no Concelho de Povoa do Lanhoso; e
Querendo Dar-lhe um publico testemunho da Consideração e Apreço em que Tenho
sua pessoa: Hei por bem Fazer-lhe mercê do Título de Visconde de Nosaa Senhora
do Porto d’Ave, em sua vida Pelo que Mandando Eu passar ao agraciado a presente
Carta, a fim de poder chama-se d’ora em diante Visconde de Nossa Senhora do
Porto d’Ave e gozar deste Título com as honras prerogativas proeminencias e
obrigações que pelas Leis e Regulamentos se acharem estabelecidas, Ordeno às
autoridades e mais pessoas, a quem o conhecimento desta mesma Carta pertencer,
que, indo assignada por Mim e referendada pelo Ministério e Secretario d’Estado
dos Negócios do Reino, a cumpram e guardem como nella se contem depois de
authenticada com o sello pendente das Armas Reaes, o de verba e com a nota do
registo nos livros das Repartições competentes. Fica obrigado ao pagamento da
quantia de um conto e duzentos mil reis, de direitos de mercê, devendo, logo
que esteja realisado o mesmo pagamento apresentar este Diploma na Secretaria
d’Estado dos Negócios da fazenda para, nos termos do Regulamento de vinte e
oito de Agosto de mil oitocentos e sessenta, se exarar nelle a necessária
quitação, sem a qual não terá inteira validade. Dada no Paço das Necessidades
em vinte e seis d’outubro de mil oitocentos noventa e sete. El Rei. Assina Jose
Luciano de Bastos[4].
Em
Setembro do mesmo ano de 1897, o periódico povoense dava destaque à festa em
honra da Senhora do Porto, na qual o titular participou. Refere o jornal que “foi
muito concorrida de povo a romaria de Nossa Senhora do Porto d’Ave”, que teve
lugar nos dias 6, 7 e 8, destacando depois o facto de a mesa da confraria merecer
os maiores “encómios pelo muito que trabalhou e pela solicitude que empregou
para dar aos festejos todo o brilhantismo possível, em harmonia com os
rendimentos do santuário”. Na festividade desse ano António José de Matos teve
especial destaque nas festas, de cuja confraria era o juiz, pois foi-lhe
preparado “um pavilhão, artisticamente decorado, onde o simpático titular e sua
Exma. esposa tomaram assento, assistindo dali ao arraial” nas noites dos dias
seis e sete. O pavilhão era cercado por três coretos, aonde outras tantas bandas
de música executavam sem interrupção e altamente preparadas peças do melhor
efeito. O fogo do ar, refere o periódico, esteve verdadeiramente magnífico e os
balões, que foram em grande número, eram dum efeito deslumbrante[5].
Desconhecemos a dimensão das obras pagas pelo visconde de Porto d’Ave no santuário ou nas propriedades do mesmo, mas não devem ter sido muitas, dado o silêncio sobre as mesmas na imprensa local da época. Existe, aliás, à intervenção de António José de Matos uma única referência no hebdomadário Maria da Fonte, que na sua edição de 30 de Abril de 1899 – ou seja, mais de um ano e meio depois da atribuição do título de nobreza – referia que “a mesa da irmandade de Nossa Senhora do Porto d’Ave, resolveu há dias em sessão extraordinária que o seu mui digno juiz, o Sr. Visconde de Porto d’Ave, continuasse com as obras que o seu finado tio, sr. João António de Matos ali tinha dado princípio”[6]. As obras em causa prendiam-se com a construção dos muros laterais do “arruado”.
O visconde de Porto d’Ave mantinha, contudo, os seus negócios no Rio de Janeiro, onde residia habitualmente com a família. Quando, de longe a longe voltava à sua terra, a chegada era alvo de notícia. Em Dezembro de 1911, o mesmo jornal Maria da Fonte registava que, de regresso do Rio de Janeiro, chegara a Lisboa no dia 13 do mesmo mês, partindo dali para França, o senhor visconde de Porto d’Ave, primo dos senhores António Joaquim de Matos e Hilário José de Matos e tio da esposa deste último, D. Ida Vieira de Matos, e irmão do senhor Francisco Xavier de Matos. O visconde era, segundo a mesma fonte, esperado no seio da família na noite de Natal.
Em Março do ano seguinte António José de Matos encontrava-se em Paris, de onde regressou ao Rio com uma passagem por Brunhais, onde ficou alguns dias no convívio da sua família[7].
A última notícia que dele encontramos é de 10 de Março de 1912, quando é referido que partiu de Leiradela de Travassos, com destino ao Porto, onde no dia seguinte deverá embarcar rumo ao Brasil, o senhor visconde de Porto d’Ave[8].
Desconhecemos a dimensão das obras pagas pelo visconde de Porto d’Ave no santuário ou nas propriedades do mesmo, mas não devem ter sido muitas, dado o silêncio sobre as mesmas na imprensa local da época. Existe, aliás, à intervenção de António José de Matos uma única referência no hebdomadário Maria da Fonte, que na sua edição de 30 de Abril de 1899 – ou seja, mais de um ano e meio depois da atribuição do título de nobreza – referia que “a mesa da irmandade de Nossa Senhora do Porto d’Ave, resolveu há dias em sessão extraordinária que o seu mui digno juiz, o Sr. Visconde de Porto d’Ave, continuasse com as obras que o seu finado tio, sr. João António de Matos ali tinha dado princípio”[6]. As obras em causa prendiam-se com a construção dos muros laterais do “arruado”.
O visconde de Porto d’Ave mantinha, contudo, os seus negócios no Rio de Janeiro, onde residia habitualmente com a família. Quando, de longe a longe voltava à sua terra, a chegada era alvo de notícia. Em Dezembro de 1911, o mesmo jornal Maria da Fonte registava que, de regresso do Rio de Janeiro, chegara a Lisboa no dia 13 do mesmo mês, partindo dali para França, o senhor visconde de Porto d’Ave, primo dos senhores António Joaquim de Matos e Hilário José de Matos e tio da esposa deste último, D. Ida Vieira de Matos, e irmão do senhor Francisco Xavier de Matos. O visconde era, segundo a mesma fonte, esperado no seio da família na noite de Natal.
Em Março do ano seguinte António José de Matos encontrava-se em Paris, de onde regressou ao Rio com uma passagem por Brunhais, onde ficou alguns dias no convívio da sua família[7].
A última notícia que dele encontramos é de 10 de Março de 1912, quando é referido que partiu de Leiradela de Travassos, com destino ao Porto, onde no dia seguinte deverá embarcar rumo ao Brasil, o senhor visconde de Porto d’Ave[8].
António José de Matos faleceu na cidade do Rio de Janeiro, onde foi sepultado, no dia 6 de Agosto de 1917.
José Abílio Coelho
José Abílio Coelho
PS: Esta nota biográfica merecerá permanente actualização, como, aliás, todas as outras, desde que surjam novos dados.
[1] ADB, livro de
assentos de nascimento de São Martinho de Travassos, 1844, fl. 47-47v.
“Antonio,
filho legitimo de Bernardo Antonio de Mattos, e de Clementina de Mattos nepto
paterno de João de Mattos e Maria Barbosa do lugar de Leiradella desta
freguezia de S. Martinho de Travaços, e materno de Manoel de Mattos, e Maria
Luiza da freguezia de S. Paio de Brunhaes, nasceu a cinco de Novembro de mil
oito centos e quarenta e quatro, foi solenemente baptizado com imposição por
mim Padre Custodio José Pereira Coadjutor, digo, Encomendado desta freguesia de
Travaços, aos dez dias do mez e anno supra, forão padrinhos João Antonio de
Carvalho e Maria Joze Antunes de Parada de Bouro: para constar fiz este Assento
no dia, mez e anno et. Supra
O
Encomendado Custodio José Pereira”.
[2] Foi promovido a
tenente do exército brasileiro em 27 de Agosto de 1849. Cf O Correio da Tarde,
nº 49 de 30 de Agosto de 1849, p. 1; e Dicionário Histórico-Biográfico das
Ciências da Saúde no Brasil (1832-1930) Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz – (http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br) [acesso em
3-12-2012]. E http://www.hce.eb.mil.br/index8.php [acesso em
3-12-2012].
[3] Cf. Jornal Maria
da Fonte de 5 de Setembro de 1897, p. 2.
[4] Está ainda por
apurar se a carta definitiva de nobreza chegou a ser passada a António José de Matos.
[5] Cf. Jornal Maria
da Fonte, de 12 de Setembro de 1897, p. 2.
[6] Cf. Jornal Maria
da Fonte, nº 202, de 30 de Abril de 1899, p. 2.
[7] Cf. Jornal Maria
da Fonte, de 3 de Março de 1912
[8] Cf. Jornal Maria
da Fonte, de 10 de Março de 1912