Manuel José Baptista em fotografia de 2016 |
Manuel
José Torcato Soares Baptista nasceu em Guimarães no dia 18 de setembro de 1959 e,
com apenas um mês de idade, foi trazido para viver no lugar de Porto d’Ave, freguesia
de Taíde do concelho da Póvoa de Lanhoso, onde seu pai acabara de adquirir uma
padaria e onde por esse motivo se instalou com a família.
Dos
seis filhos do casal Manuel Baptista e D. Maria de Lurdes Torcato Soares
(Maria, Fátima, Manuel José, Francisco, José Joaquim e Rosa Maria), os três mais velhos viram
a Luz da vida em Guimarães, enquanto os restantes três nasceram já na
Póvoa de Lanhoso.
Segundo
a irmã Maria Torcato “Porto d’Ave não foi uma escolha, mas o acaso que ditou a
sorte, já que o pai Manuel Baptista procurava uma padaria nos arredores de
Guimarães. Na altura havia apenas uma, à venda, bem longe da cidade berço, numa
pequena aldeia situada muito para aquém da serra de Gonça”.
Foi,
pois, em Taíde, que Manuel Baptista frequentou e concluiu os seus estudos
básicos, tendo posteriormente estudado no Ciclo Preparatório Prof. Gonçalo
Sampaio, na vila‑sede do concelho. Segundo um seu antigo
professor, “Era já então uma criança alegre, muito expansiva e com uma enorme força
de vontade para fazer coisas. Destacava-se pela sua capacidade de liderança em
relação a outros colegas de estudo”. Por essa altura, tornou-se uma figura muito
apreciada pelos colegas e amigos que o tratavam por “Zé Manel Baptista” e não
por Manuel José, como havia sido batizado. Zé Manel foi, aliás, a forma como
muitos o trataram até ao fim, incluindo os próprios irmãos, o que leva a crer
que os pais o terão querido batizar José Manuel e não Manuel José.
Inteligente,
mas pouco interessado nas matérias letivas, Manuel Baptista demonstrou, ainda
aluno no Ciclo Preparatório, que seguir estudos académicos não eram o seu fim:
mostrou, antes, desde muito cedo, uma enorme vontade em trabalhar e em criar os
seus negócios. Iniciou, pois, a vida profissional com o seu pai na indústria de
panificação, criando, alguns anos depois, mais tarde a sua empresa no ramo
têxtil. Dedicou-se posteriormente a vários outros ramos da indústria e do
comércio, tendo, em muitos desses negócios, alcançado relativo êxito.
Paralelamente
à sua atividade empresarial, Manuel Baptista desde cedo participou ativamente
no tecido associativo, destacando‑se a sua
passagem pelo Grupo Desportivo Porto D’Ave, do qual foi presidente, e Núcleo da
Cruz Vermelha da Póvoa de Lanhoso. Mais recentemente foi eleito presidente do
conselho fiscal da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Póvoa de
Lanhoso, cargo que ocupou até ao seu falecimento.
Em
termos políticos, após 25 de abril de 1974, filiou-se como militante da JSD –
Juventude Social Democrata concelhia, logo conquistando um lugar de destaque no
distrito. Fez parte de um grupo de jovens povoenses que conquistaram o seu
próprio lugar na política e que nas últimas décadas ascenderam aos cargos mais
altos na vida política, associativa e social concelhia. O seu gosto pela
participação cívica e militância ativa no Partido Social Democrata levou Manuel
Baptista a aceitar integrar a lista de candidatos a vereadores proposta pelo
então presidente da câmara Eng.º José Luís Portela, sendo eleito por sufrágio
democrático mas tendo, a meio do mandato, “batido com a porta” por discordância
com algumas decisões do então presidente da edilidade já referido.
Anos
mais tarde assumiu o desafio de se candidatar à presidência da maior freguesia
do concelho, a de Póvoa de Lanhoso (Nossa Senhora do Amparo), tendo vencido as
eleições, em 2001. Quatro anos depois, em 2005, aceitou liderar a candidatura à
câmara municipal pelo seu partido de sempre, o PSD, vencendo as eleições por maioria
absoluta.
Cumpriu
três mandatos de quatro anos, num total de doze anos como presidente da câmara
municipal. Nas últimas eleições (2017), não podendo candidatar-se por força da
lei a novo mandato como presidente e por ter projetos em vias de conclusão,
quis ficar na câmara como vereador. Candidatou-se, sendo então eleito vereador na
lista que levou Avelino Silva à vitória e a torna-se seu substituto. Manuel
Baptista ficou a coordenar os projetos que tinha iniciado no seu mandato e que
se encontravam por concluir, tendo ainda sob sua alçado a gestão de projetos e
fundos comunitários. Mas a sorte, sem a qual o querer e o esforço dos
vencedores não teria esse desfecho, sorte essa que tinha acompanhado na maior
parte da sua vida este homem que viver de “mangas arregaçadas”, começou a
faltar-lhe. Chegou ao fim do mandato já bastante doente. E a doença, que o foi
minando a cada dia, retirou-lhe aos poucos o espaço de trabalho a que se tentava
dedicar como outrora.
No
seu percurso autárquico, como presidente da câmara da Póvoa de Lanhoso, destaca‑se
a eleição para presidente da comunidade intermunicipal do Ave (CIM do Ave) onde
teve um papel determinante na construção da estratégia do território para o
novo quadro comunitário Portugal 2020. Em termos concelhios, saliente-se a
opção de adquirir, para propriedade do município, as casas que ladeiam o
Theatro Clube, edifícios que foram construídos na primeira década do século XX
pelo benemérito António Ferreira Lopes, e que, em conjunto com o palacete das
Casas Novas (atual Lar de S. José da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso), a
escola primária António Lopes e o jardim com o mesmo nome, dão forma aquele que
é hoje – unanimemente – considerado como o local urbano mais bonito deste
concelho. Mas a sua obra como presidente da câmara da Póvoa de Lanhoso foi muito
para além daquilo que aqui possamos anotar. Não obstante tudo quanto foi capaz
de levar adiante na sua passagem pela liderança do município, a importância da
sua obra só poderá ser verdadeiramente aferida daqui a alguns anos, quando a
história olhar tudo à distância de uma análise mais fria e completa. Uma coisa
é certa: Manuel Baptista será, por tudo quanto foi e representou, muito mais
que uma nota de rodapé na redação de uma História do concelho da Póvoa de
Lanhoso.
Manuel
José Torcato Soares Baptista foi casado com Teresa de Sousa, uma madeirense por
quem se apaixonou e que foi a sua grande companheira ao longo das últimas três décadas,
e pai de três filhos.
Faleceu
na madrugada de 15 de fevereiro de 2019, aos 59 anos de idade.
A
Póvoa de Lanhoso chorou-o como a poucos na sua história.
José Abílio Coelho
José Abílio Coelho