Pe. Francisco Dias de Oliveira |
Francisco
Dias de Oliveira nasceu em Fontarcada (Póvoa de Lanhoso) a 29 de agosto de
1876, sendo batizado na igreja daquela paróquia, no dia 1 de setembro do mesmo
ano. Filho primogénito do casal António Joaquim Dias e D. Augusta Maria Martins
Lopes de Oliveira, proprietários, ele de Santa Maria de Adaúfe, concelho de
Braga; ela de Fontarcada, onde residiam, era neto paterno de António Dias de
Faria e de D. Quitéria Maria Pimenta, e materno de Francisco Manuel Martins de
Oliveira e de D. Ana Francisca Martins Lopes[1].
Martins de Oliveira, avô do pequeno Francisco, para além de grande lavrador e
de colaborador na melhor imprensa sobre agricultura da época, foi vereador da Câmara
da Póvoa de Lanhoso e um dos redatores principais do semanário “Maria da Fonte”
desde a fundação deste, em 1886, até à sua morte, em 1903[2].
Estudou
as primeiras letras na aldeia natal, tendo por mestre o professor de ensino
livre Bento Fernandes, do lugar de Santa Luzia, indo, em princípios de outubro
de 1885, frequentar, como aluno interno, o colégio de Santa Quitéria, em
Felgueiras. Ali concluiu a instrução primária e parte dos preparatórios, que
veio a concluir no colégio de São Dâmaso, em Guimarães, que frequentou como
aluno externo entre outubro de 1890 e julho de 1898.
Em
outubro de 1898, já então com 22 anos de idade, entrou no curso teológico do
seminário de Braga, que concluiu em 1900, sendo em 22 de setembro desse mesmo
ano ordenado presbítero pelo arcebispo D. Manuel Baptista da Cunha. Celebrou
missa nova em Fontarcada no dia 7 de outubro, à qual esteve presente, como convidado
e amigo da família, o bispo de Lamego natural de Rendufinho, deste concelho, D.
Francisco José Vieira e Brito.
O
padre Francisco nunca teve paróquia. Por um lado, porque à época as paróquias
eram disputadas, dada a enorme quantidade de clérigos que existiam em Portugal.
E, por outro, porque o jovem sacerdote tinha bens de fortuna familiares que o
não obrigavam a disputar essa ocupação. Foi capelão de São Gonçalo, templo da
casa particular do benemérito povoense António Ferreira Lopes e do Asilo de
Donim. Em 5 de setembro de 1917 assumiu, por convite do fundador, a capelania
do Hospital António Lopes, cargo que ocupou até 15 de janeiro de 1922, data do
seu falecimento[3].
Foi
amador de fotografia, músico exímio no oboé, caçador e pescador de mérito, para
além de grande conhecedor e colecionador de antiguidades, especialmente de
faianças, das quais juntou uma “esplêndida colecção”, como refere o semanário “Maria
da Fonte” numa edição em que publicou a sua foto, na altura da sua morte.
Organizou
na vila um grupo musical destinado a recreio cultural e foi um protetor da Banda
de Música dos Bombeiros Voluntários da Póvoa de Lanhoso, desde a sua fundação,
chegando mesmo a ser, esporadicamente, um dos seus músicos principais[4].
É também invocado como um dos predecessores da fundação do Sport Club Maria da
Fonte, por, nomeadamente, ter sido um dos introdutores do futebol na Póvoa de
Lanhoso, desporto que praticaria com os rapazes do seu tempo[5].
José Bento da Silva, no seu livro sobre este clube desportivo, diz que “ajudou
a fundar a agremiação” e que presidiu à primeira direção eleita em assembleia
geral[6].
Morreu
aos 45 anos de idade, em fevereiro de 1922. Nessa altura, o jornal “Maria da
Fonte” editou uma fotogravura do Pe. Francisco, para ser vendida a quem
quisesse ter o seu retrato em casa. Foram muitos os compradores.
[1] ADB, Livro de
assentos de batismo de Fontarcada, 1872-1883, fls. 57.
[2] In http://dicionariodepovoenses.blogspot.com/2015/10/francisco-manuel-martins-de-oliveira.html
[3] Jornal Maria da Fonte,
de 15 de fevereiro de 1922, p. 1. Veio a ser substituído, em 1928, pelo Pe. João
Crisóstomo de Faria, que se manteve no cargo até ao seu falecimento, em 1955.
[4] Jornal Maria da Fonte,
de 15 de fevereiro de 1922, p. 1.
[5] Santos, Pe. Manuel
Magalhães dos Santos, Monografia da Póvoa de Lanhoso; Nossa Senhora do
Amparo, edição do Autor, 1990, pp. 262-263.
[6] Silva, José Bento da,
Sport Clube Maria da Fonte: uma História com Amor, Póvoa de Lanhoso, ed.
do Autor, 2001, pp. 16-17.
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