Alírio do Vale era o
pseudónimo literário de José Narcizo da Fonseca Oliveira, nascido na Casa do
Bárrio de Monsul (Póvoa de Lanhoso), a 24 de Março de 1892, filho de D. Amélia
de Jesus Adelaide e de seu marido José Maria de Oliveira, oriundos, ela da Casa
do Bárrio de Monsul; ele da Casa de Lages de São João de Rei.
Foi um sobredotado: farmacêutico
de mérito, afirmou-se nas décadas de trinta a cinquenta do século XX como a
mais dinâmica figura cultural de Monsul, se não mesmo de todo o concelho. Era
exímio violinista, tocava piano, organizou e ensaiou na sua freguesia um grupo coral e um
grupo cénico admirados em todo o lado e, para além de tudo isto, teve ainda tempo
para escrever, publicando três livros e centenas de artigos e crónicas em
jornais.
A instrução primária
concluiu-a em Monsul, numa escola que então funcionava no caminho para Verim.
Seguidamente passou a frequentar o Liceu de Braga, de onde partiu para a
Faculdade de Farmácia do Porto, onde se licenciou, em 1917, com uma altíssima
classificação, como farmacêutico-químico. Convidado para a docência
universitária, optou contudo, terminado o curso, por regressar ao bucolismo da
sua aldeia natal onde estabeleceu farmácia.
Em 28 de Dezembro de
1922, viria a casar-se com D. Nair Isabel Alves da Costa, da Casa da Sarola de
Baixo da freguesia de Verim. Deste casamento nasceram seis filhos: Isabel
Maria, Laura Amélia, Maria Narciza, Jorge Eduardo, Maria Helena e Ana Maria da
Costa Oliveira.
Na altura em que o
Dr. José Narcizo instalou farmácia em Monsul não havia, e não houve por muitos
anos, médico algum nas redondezas. Por isso, o farmacêutico era, não raras
vezes, também o clínico que, a cavalo ou de bicicleta, percorria as aldeias em
redor da sua a socorrer os doentes necessitados de um remédio para os seus
males.
Fundou o Grupo Recreativo Dramático-Musical de Monsul,
que utilizou para “diminuir o analfabetismo e cultivar a arte”, fomentando “o
recreio honesto e instrutivo, promovendo a educação cívica, o ensino noturno
para adultos, organizando palestras e conferências, ensinando música”[1].
Publicou artigos de
interesse cultural e histórico em inúmeros jornais, quase sempre com o
pseudónimo de Paulo Campos, nomeadamente no Diário
de Notícias, O Século ou o
semanário local A Póvoa de Lanhoso.
Em 1949 publicou a sua
primeira novela, intitulado Dinis Arão,
que tem epicentro no baixo concelho povoense, e ao qual se seguiram mais dois
romances: Corações que sangram e O Poder das Riquezas.
O Dr. José Narcizo
da Fonseca Oliveira viria a falecer subitamente em 11 de Novembro de 1957, aos
65 anos de idade e logo após ter concluído a composição do seu último romance.
JAC
[1] Oliveira, Jorge Eduardo da Costa, “Nota Biográfica”,
in Vale, Alírio, Dinis Arão. Novela,
Póvoa de Lanhoso, Editorial Ave Rara, 2000, pp.13-30.