quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Alírio do Vale (1892-1957) – Farmacêutico e escritor



Alírio do Vale era o pseudónimo literário de José Narcizo da Fonseca Oliveira, nascido na Casa do Bárrio de Monsul (Póvoa de Lanhoso), a 24 de Março de 1892, filho de D. Amélia de Jesus Adelaide e de seu marido José Maria de Oliveira, oriundos, ela da Casa do Bárrio de Monsul; ele da Casa de Lages de São João de Rei.
Foi um sobredotado: farmacêutico de mérito, afirmou-se nas décadas de trinta a cinquenta do século XX como a mais dinâmica figura cultural de Monsul, se não mesmo de todo o concelho. Era exímio violinista, tocava piano, organizou e ensaiou na sua freguesia um grupo coral e um grupo cénico admirados em todo o lado e, para além de tudo isto, teve ainda tempo para escrever, publicando três livros e centenas de artigos e crónicas em jornais.
A instrução primária concluiu-a em Monsul, numa escola que então funcionava no caminho para Verim. Seguidamente passou a frequentar o Liceu de Braga, de onde partiu para a Faculdade de Farmácia do Porto, onde se licenciou, em 1917, com uma altíssima classificação, como farmacêutico-químico. Convidado para a docência universitária, optou contudo, terminado o curso, por regressar ao bucolismo da sua aldeia natal onde estabeleceu farmácia.
Em 28 de Dezembro de 1922, viria a casar-se com D. Nair Isabel Alves da Costa, da Casa da Sarola de Baixo da freguesia de Verim. Deste casamento nasceram seis filhos: Isabel Maria, Laura Amélia, Maria Narciza, Jorge Eduardo, Maria Helena e Ana Maria da Costa Oliveira.
Na altura em que o Dr. José Narcizo instalou farmácia em Monsul não havia, e não houve por muitos anos, médico algum nas redondezas. Por isso, o farmacêutico era, não raras vezes, também o clínico que, a cavalo ou de bicicleta, percorria as aldeias em redor da sua a socorrer os doentes necessitados de um remédio para os seus males.
Fundou o Grupo Recreativo Dramático-Musical de Monsul, que utilizou para “diminuir o analfabetismo e cultivar a arte”, fomentando “o recreio honesto e instrutivo, promovendo a educação cívica, o ensino noturno para adultos, organizando palestras e conferências, ensinando música”[1].
Publicou artigos de interesse cultural e histórico em inúmeros jornais, quase sempre com o pseudónimo de Paulo Campos, nomeadamente no Diário de Notícias, O Século ou o semanário local A Póvoa de Lanhoso.
Em 1949 publicou a sua primeira novela, intitulado Dinis Arão, que tem epicentro no baixo concelho povoense, e ao qual se seguiram mais dois romances: Corações que sangram e O Poder das Riquezas.
O Dr. José Narcizo da Fonseca Oliveira viria a falecer subitamente em 11 de Novembro de 1957, aos 65 anos de idade e logo após ter concluído a composição do seu último romance.

JAC




[1] Oliveira, Jorge Eduardo da Costa, “Nota Biográfica”, in Vale, Alírio, Dinis Arão. Novela, Póvoa de Lanhoso, Editorial Ave Rara, 2000, pp.13-30.