Falecimento: 04.09.1978, vila da Póvoa de Lanhoso
Foi um dos grandes vultos do teatro na Póvoa, consagrando-se como dinamizador do famoso Grupo Cénico Povoense. Na qualidade de seu encenador, em 1953, 1956, 1957, 1962, 1964, 1971 e 1972, cultivou com paixão os estilos de comédia e drama.
De ascendência humilde, viu-se em idade muito jovem na necessidade de começar a trabalhar para ajudar a família, servindo na mercearia e taberna de Clemente Vieira, sita à borda da estrada nacional nº 205 (em frente à Quinta do mesmo) no lugar de Cima de Vila, Taíde.
Em Abril de 1921 casou com Lucinda Lopes Vieira, filha do seu patrão, alojando-se na vila povoense e empregando-se na loja comercial Casa Africana (daí ter sido conhecido por Américo Africano). Algum tempo depois aventurou-se por conta própria nessa actividade comercial, com pensão e loja de mercearia e vinhos na então rua dos Lisboas (defronte do Mirante do Palacete, onde se encontra instalado actualmente o Lar de S. José, da Santa Casa). Posteriormente, foi funcionário da Câmara Municipal e da Casa do Povo da Póvoa de Lanhoso.
Apesar de apenas ter feito exame da 3ª classe, cultivou-se por si próprio através da leitura de bons livros nos momentos de ócio. Com mérito, tornou-se o povoense mais conhecedor homem da arte de Talma numa época dourada que deixou saudades. Afirmou-se não só como um dotado actor como também «um encenador de primeira», contemplado por uma consistente preparação teórica e por preocupações cenográficas de bom gosto.
Num tempo de difícil vivência numa comunidade pequena sem grandes meios económicos, na qual a maioria dos povoenses não conseguia aceder à participação na vida social e cultural, foram Homens como Américo Macedo que projectaram o teatro como elo de proximidade entre a população e evento artístico mobilizador de amizades na juventude. Diz-se que ensaiava as peças «até a representação estar perfeita» e trabalhou com grandes amadores do teatro, casos dos saudosos António Ribeiro, João Bastos, D. Bibi Bastos, Carlota Macedo, Marcelo Simões ou os irmãos António e Fernando Abreu.
Rendido às virtudes da democracia e à cultura dos valores simples e humanistas, apoiando-se nos princípios da estética e da pedagogia de grupo, sempre beneficiou da ternura de todos os que com ele conviveram e da admiração do versado público do nosso teatro.
Foi homenageado ainda em vida (24.05.1971) pelo Grupo Cénico de Amadores Povoenses, referindo-se a dedicatória “ ao decano dos actores amadores povoenses e ao insigne mestre encenador”. E, a título póstumo (Abril de 1986), pela Juventude Cultural da Juventude Povoense, cujo preito, na sua pessoa, foi estendido «a todos que integraram o memorável Grupo Cénico Povoense».
Rui Rebelo
Principais fontes: Testemunhos familiares; Prof. José Bento da Silva, in Em Cena – Thetro Club (1904-2004); Pe. Manuel Magalhães dos Santos, in Monografia da Freguesia da Póvoa de Lanhoso – Julho de 1990; Jornal Terras de Lanhoso, de 04.08.1997, Figuras do Passado Povense – 1, artigo de Anita Bastos Granja.
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