Francisco Joaquim Peixoto nasceu na freguesia de Lanhoso em 1883, filho de Manuel Joaquim Peixoto e de Felicidade Rosa Morais. Era o único rapaz numa família de oito irmãs.
Cresceu na sua freguesia natal onde, desde muito pequeno, foi introduzido nos trabalhos agrícolas, pois que a agricultura era a actividade de seus pais. Ser o único filho homem, deve-o ter impedido, pelo menos na adolescência e juventude, de outros voos: numa família de agricultores os braços de um rapaz são sempre mais possantes que os de uma menina e se, naquele último quartel do século XIX, muitos jovens filhos de agricultores procuravam outra vida, no comércio ou na emigração, isso devia-se em parte ao elevado número de filhos por casal para tão pouco produtiva terra. No caso de Francisco Peixoto, a situação era inversa: o seu concurso no amanho das terras fazia falta a seus pais mas, o Brasil… Francisco Peixoto acabou por deixar para trás os pais, e partir em 1923, chamado por familiares que haviam emigrado dois anos antes.
O seu sucesso naquele país foi muito rápido. Não se conhece bem o seu percurso profissional, como foi capaz de juntar tamanha fortuna em pouco mais de vinte anos, mas, na memória da familia, ficou a informação de quem terá enriquecido a comprar e recuperar sacos inutilizados que depois revendia aos exportadores de café.
Francisco Peixoto partiu pobre para o Brasil. Não casou, não teve filhos, a mobilidade e a possibilidade de poupança eram enormes. De lá, através de familiares, foi comprando propriedades, umas atrás da outras. Nos finais da década de quarenta regressou a Lanhoso, onde passou a habitar na sua casa do lugar da aldeia. Ali viria a falecer no dia 5 de Julho de 1959.
A sua enorme fortuna compunha-se de várias quintas e de muitos títulos da dívida pública, bem como de significativos depósitos bancários, avaliados em inventário ocorrido após a sua morte em mais de dois mil e quinhentos contos. Em testamento, fez da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso sua herdeira. O semanário “Maria da Fonte”, no seu obituário (2.8.1959), refere: “A fortuna do finado, que deixa algumas irmãs e bastantes sobrinhos, vivendo pobremente, está avaliada em milhares de contos”.
José Abílio Coelho