Dário Bastos, ou Dário Fernandes Bastos, de seu nome completo, nasceu na Póvoa de Lanhoso no dia 1 de Março de 1903, vindo a destacar-se como poeta e contista.
Era filho do também poeta Albino Bastos[1] e da costureira Ana Joaquina Fernandes. Nasceu na então Rua de São Brás[2], onde viviam seus avós maternos e sua mãe, e cresceu, como tantos outros meninos da sua idade, pelas ruas a largos da sua Vila da Póvoa natal. Frequentou a instrução primária na escola mandada construir com o legado do Conde de Ferreira, onde teve como professor Freitas Guimarães e como amigo mais próximo seu primo e também futuro poeta, João Augusto Bastos[3].
Mas nesse tempo distante em que Portugal, jovem República pouco tempo antes implantada, se encontrava mergulhado numa profunda crise económica, Dário, então com apenas 11 anos de idade, partiu para o Brasil à procura de uma vida mais desafogada: estava-se em 1914 e, nesse mesmo ano, partiu também, rumo à outra banda do Atlêntico, seu pai, Albino Bastos. O primeiro afazer do pequeno Dário era de pesado esforço físico, na cidade de Belmonte, interior do estado da Bahia, onde tomou contacto com a dura labuta da produção do Cacau, tão bem descrita na obra do grande romancista brasileiro Jorge Amado. Mas não era aquela vida que Dário Bastos procurava no Brasil do sonho de todos os portugueses. Mais a mais, a exemplo do pai e de outros membros da família, era um homem racional, um escritor em potência, um lutador que cultivava valores que iam muito para além do trabalho duro na roça. Por isso, em 1918, conseguiu mudar-se para a cidade do Rio de Janeiro e empregar-se no comércio. Começava aí uma vida de luta assumida contra a exploração do homem. Em 1922, tomava parte na luta pela semana ingleza. A coragem de encarar a luta levou a ser considerado um subversivo, um agita… e ao desemprego.
Desiludido e acreditando que, afinal, poderia ser alguém no seu país, Dário Bastos regressou a Portugal em 1927, tempos difíceis de ditadura militar. Deu então início a uma carreira (a de caixeiro-viajanete) que havia de executar a vida inteira. Instalou-se no Porto, casou com dona Maria Nilda Vieira, filha do destacado membro do movimento republicano José Pinto Barbosa, com que teve três filhas: Helvécia, Lígia e Rosália.
Em 1938 tornou-se militante do Partido Comunista Português, militância que manteve até à morte.
Em 1960, publicou o seu primeiro livro, a que deu título de “Musa Itinerante”. E não mais parou de escrever e publicar. “Humildade e Presunção” (1962), “Realidades e Fantasias” (1964), “Máscaras” (1965), “Rua” (1968), “Saltimbancos (1970), “Sou” (1971), “Ser Poeta” (1972), “Olhos” (1973) ou “Pedaços de Vida” (1980) são apenas alguns dos seus títulos.
Em 19 de Março de 1996, foi agraciado com a Medalha de Honra (Grau Prata) pelo município da Póvoa de Lanhoso (altura em que, coordenado por José Viale Moutinho, foi dado à estampa uma colectânea de textos seus intitulada “Um Homem na Rua”), e em 22 de Março de 2009 o seu nome foi atribído a uma rua da freguesia de Baguim do Monte (Gondomar).
Dário Bastos faleceu no Porto a 28 de Maio de 2001.
José Abílio Coelho
Fontes: Jornal Terras de Lanhoso (vários números), Silva, Fátima; Castro, Olga, Dário Bastos: O poeta. O Democrata (1903-2001), Baguim do Monte, Junta de Freguesia de Baguim do Monte, 2009; e Moutinho, José Viale, Um Homem na Rua (introdução), Póvoa de Lanhoso, CMPL, 1996.
[1] Ver nota neste dicionário.
[2] Hoje Rua dona Elvira Câmara Lopes.
[3] Ver nota neste dicionário.