sábado, 4 de fevereiro de 2012

Amândio de Oliveira (1910-1981) – Empresário


Amândio de Oliveira foi um dos pioneiros dos transportes colectivos na nossa região. Garfense dos quatro costados, cresceu pelos campos e caminhos desta povoense freguesia do vale do Ave que, poucos anos antes (em 13 de Janeiro de 1898), tinha regressado definitivamente ao concelho da Póvoa de Lanhoso, após ter integrado por duas vezes o de Guimarães.
Ainda em Garfe aprendeu as primeiras letras, embora, pelos nove anos de idade, acompanhasse já seu pai, o negociante de fazendas Eduardo de Oliveira, pelas feiras da região. O pai transportava as mercadorias que vendia num veículo tirado por cavalos, o que terá dado ao jovem Amândio não apenas a experiência do “viajante”, mas talvez a visão de um dia poder engenhar uma transportadora que levasse as pessoas dos locais onde habitavam até às feiras ou até às cidades e vilas.
Anos mais tarde, seu pai sofre um acidente e, com 16 anos, vai dar novo rumo à sua vida. É nessa altura que começa a dar forma ao sonho de transportar, não mercadorias, mas pessoas. Talvez o velho carro, puxado por cavalos, tenha sido o seu primeiro veículo de transportes. Certo é que pouco tempo depois, a 28 de Março de 1926, compra o primeiro veículo automóvel, lançando-se na aventura de uma actividade comercial que haveria de o acompanhar pela vida fora.
Não foi fácil o início da sua vida empresarial, mas a sua capacidade e amor ao trabalho, bem como o notável empreendedorismo, levaram-no a singrar e a desenvolver uma das mais consagradas transportadoras de passageiros de toda a região, intitulada Auto Rodoviária do Minho. Servindo um povo que tinha na pobreza a sua principal preocupação, gente que vivia na sua esmagadora maioria de uma agricultura sem futuro, o empresário não fraquejou. Em 1978, e depois de muitos sacrifícios, constituiu com a esposa, D. Beatriz Domingues Basto de Oliveira, e dois dos seus filhos, outra empresa: Transportes Amândio de Oliveira e Filhos, Lda.
Com relações próximas do Poder político de então e com preciosos conhecimentos na área dos transportes, lançou-se à conquista de um mercado mais vasto. Aliás, os mais velhos lembram-se ainda bem dos autocarros da empresa que, com sede em Garfe, passavam pelas estradas do nosso concelho, vindos de Braga, Fafe ou Guimarães. O mesmo acontece com muitos estudantes povoenses que se deslocavam para Braga, em autocarros que passavam na vila povoense de manhã cedo e regressavam ao anoitecer. Pode até dizer-se que muitos desses alunos talvez não tivessem desfrutado a oportunidade de estudar caso não existissem as “caminetas do Amândio”, como popularmente eram conhecidos os autocarros da empresa.
Amândio de Oliveira viria a falecer com 71 anos na freguesia de Garfe. A Póvoa de Lanhoso mostrou preito de gratidão ao atribuir o nome deste empresário de excepção a uma rua da vila, identificando-o como “pioneiro nos transportes”.

Rui Rebelo

Fontes principais: Jornal Terras de Lanhoso, Nº 234, de 04 de Julho de 2007; depoimentos de várias pessoas que conviveram com o biografado.