sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Olinda Ida Serzedelo Ribeiro (1901-1926)

Olinda Ida Serzedelo Ribeiro nasceu no Rio de Janeiro a 12 de Dezembro de 1901, filha do capitalista povoense, natural da freguesia de Serzedelo, Manuel António Vieira Serzedelo, e de sua mulher D. Bebiana Ida de Castro Serzedelo, natural de Fontarcada.
Meses depois de nascer, seus pais trouxeram-na para Portugal, fixando residência, nesses primeiros meses de regresso ao país natal e de vida da pequena filha na rua do Alcaide, em Braga. Aí, na igreja de São Tiago da Cividade, foi a pequena Olinda Ida baptizada.
Em 1904, encontrando-se pronta a vivenda que Manuel Serzedelo mandou construir no lugar da Arrifana, da freguesia de Fontarcada, veio a menina com os pais habitar a nova casa. Por ali cresceu. A sua juventude foi problemática, por causa de vários problemas de saúde que a apoquentaram. Ali frequentou a escola do ensino básico, recebendo formação suplementar na própria casa paterna. Sendo filha de um “capitalista opulento”, ficou dela a memória de se dedicar a ajudar os pobres das redondezas.
Casou a 12 de Julho de 1924 com António Belarmino Teixeira Ribeiro, filho do advogado Alfredo Ribeiro. O tempo de felicidade do casal foi, porém, muito reduzido, já que a jovem Olinda Ida viria a morrer em 16 de Maio de 1926 (com apenas 24 anos de idade), ao dar à luz, em casa, o seu primeiro filho, uma menina que sobreviveu[1]. Assistida pelo Dr. Adelino Pinto Bastos, médico de grande prestígio na região, não conseguiu mesmo assim resistir a problemas de saúde que tinha, e que na hora do parto se complicaram.
O seu corpo foi inumado na sepultura número 13 do jazigo que seu pai, em 1914, mandara construir no cemitério municipal da Póvoa de Lanhoso.
José Joaquim Teixeira Ribeiro, irmão de seu marido e futuro reitor da Universidade de Coimbra, dedicou-lhe, nas páginas do semanário “Maria da Fonte”, um candente soneto (num estilo muito próprio da época) intitulado “Pétalas de Saudade”.

“O céu naquele dia estava engalanado
Com lindo arrebois, com purpuras a arder,
Que os anjos divinais queriam recolher
O pranto sem ter fim dum peito enamorado.

Chegou ao pé de Deus, já farta de sofrer,
Uma pomba gentil de olhar iluminado.
… E o diamantino sol ficou-se envergonhado
Ai ver o brilho astral da alma da mulher…

— Quem és? Tu d’onde vens?
— Eu sou a pobre mãe que deu a vida em troca do seu bem,
Do lírio estremecido, a filha imaculada…

Bailava o pranto já nos olhos de Maria…
E Deus disse por fim nos páramos do dia:
Mulher, se foste mãe, és sempre perdoada!

O sua morte, na flor da idade e durante o parto de uma menina, que sobreviveu à desgraça da mãe, causou viva consternação não só no concelho, mas na região, tendo ao seu funeral assistido centenas de pessoas e estado nele presentes individualidades de todo o norte do país.

José Abílio Coelho


[1] MF de 30 de Maio de 1926, p. 1