Célebre cozinheira povoense a quem todos conheciam por Minda Laura — nasceu na vila da Póvoa de Lanhoso, na parte que então pertencia à freguesia de Lanhoso, em 16 de Setembro de 1916, filha de José António Rebelo e de Laura Cândida Ribeiro de Vasconcelos. Seu pai era merceeiro, com estabelecimento próprio no Largo da Alegria, onde mais tarde foi a casa de fazendas S. José. A mãe era doméstica.
Minda Laura cresceu e brincou no coração da nossa Vila tendo, na idade própria, frequentado a Escola do Conde de Ferreira, que existia no topo da avenida da República. Foi com a sua mãe, contudo, que, ainda mocinha, veio a aprender a arte da culinária, na qual se tornaria, anos mais tarde, verdadeira mestra, admirada por todos, apreciada por centenas e centenas de bons garfos de toda a região.
Casou com Carlos Augusto da Silva — o Carlos do Silvino, que foi barbeiro na vila da Póvoa — e, logo depois, abriu uma tasquinha no mesmo largo onde o pai tinha a mercearia.
Porém, as suas mãos para a cozinha eram de tal gabarito que, em pouco tempo, a sua pequena tasquinha, ganhou fama dentro e fora das portas do concelho transformando-se numa frequentadíssima e excelente “pensão” — designação que na altura era genericamente às casas que “davam” comida e dormida.
As dezenas de pratos regionais por ela apresentados aos fregueses, eram famosos em todo o Minho, especialmente o feijão com tripas e com mão-de-vaca, a vitela assada e estufada, as papas de sarrabulho com rojões, a língua de boi estufada e o grão-de-bico com bacalhau, que traziam à Póvoa de Lanhoso bons garfos de todos os concelhos vizinhos. A sua fama como cozinheira era tal que, ainda hoje, tantos anos após o seu desaparecimento, há quem recorde com saudade os pratos que preparava.
Para além da boa cozinha, Mindinha Laura costumava apresentar excelentes vinhos verdes, de pipa — em cuja escolha contava com a colaboração do marido, o "Se" Carlos que, aos fins de se- mana, corria as adegas vários produtores do concelho, escolhendo os melhores que encontrava. A procura era tanta que em determinadas ocasiões chegava a vender uma pipa de vinho num único fim de semana.
Nas festas de São José — na verdade uma grande feira franca onde marcavam fortíssima presença os lavradores de todo o concelho e ainda dos de Fafe, Vieira do Minho, Amares ou Guimarães, que eram os homens que melhor comiam e bebiam — a pensão era uma espécie de “catedral” da gastronomia local, atendendo centenas e centenas de pessoas.
Arminda Laura Rebelo envelheceu e, cansada, passou a Casa a José Alcindo Ribeiro de Melo e esposa — que a mantiveram durante muitos anos.
Arminda Laura Rebelo viria a falecer na Póvoa de Lanhoso, no dia 24 de Junho de 1997.José Abílio Coelho