Manuel António Veloso Rebelo nasceu em 23 de Setembro de 1910, na vila da Póvoa de Lanhoso (numa casa situada em frente ao Jardim António Lopes). Descendente de João Olímpio Sampaio Rebelo e de Carolina de Jesus Veloso Rebelo, neto de Maria Vitória Sampaio Lobo Rebelo e de Lino António Rebelo; era irmão de Maria Vitória Veloso Rebelo que faleceu apenas com 20 anos, e de Lino António Veloso Rebelo que morreu precocemente aos 15 anos de idade.
Quando completou 27 anos, casou com Isaura da Silva Freitas que viria a falecer de parto em Março de 1937. Deste casamento nasceram dois filhos: Lino António e Maria da Alegria Freitas Rebelo.
Em 1942 casou em segundas núpcias com a jovem Almerinda de Jesus Lopes de Macedo e com quem viveu até ao resto da sua vida. No seio deste casamento nasceram 5 filhos: Maria Vitória, Olímpio da Vitória (que viria a morrer ainda criança), Maria Liseta, Maria Olímpia e Rui Manuel (que tinha apenas quatro meses quando ficou órfão de pai).
Mas quem foi este Povoense que deixou um nome ainda sonoro nos dias de hoje?
Ora na sua curta mas multifacetada vida foi bombeiro, motorista e mecânico que com a ajuda de Carlos Freitas arranjava os carros e ambulâncias dos Bombeiros Voluntários. A esta Instituição dedicou muitos anos e horas diárias. Na sua vertente de desportista, ao serviço do Sport Clube do Maria da Fonte, foi guarda – redes de futebol além de meritório ciclista e corredor de atletismo, obtendo medalhas em várias provas realizadas na primeira metade da década de 30. No teatro despenhou o papel de luminotécnico, no entanto não conseguiu resistir ao mundo da arte e integrou o elenco de uma peça de teatro como actor.
Mais tarde a sua rotina dedicada às instituições da sua amada terra alterou-se com a doença do pai, pois teve que assumir as Ornamentações e Funerária Olímpio Rebelo e Herdeiros, que funcionam há 107 anos sem nunca terem encerrado as portas. Transferiu a loja de artigos eléctricos (situada no centro da vila, no edifício ocupado hoje pela entidade bancária Millennium bcp) para o andar inferior do prédio da família (onde na actualidade se instala o restaurante Velho Minho), contíguo à sua residência.
Dos seus amigos íntimos destaca-se o então comandante dos Bombeiros, Luís Pinto da Silva, que também foi padrinho do seu segundo casamento juntamente com a sua mulher Laura da Silva Barros, assim como tutor dos filhos menores quando Manuel Rebelo faleceu. Contudo, o seu grupo de amigos era vasto, salientando-se Manuel Matos Cruz (de Travassos, casado com a D. Almerinda do Pinheiro), Carlos Freitas, André Saraiva, António Fernandes (O Nicha) João Abreu, José do Egipto, Aristides do Nascimento Rebelo, António Fernandes Pinto Miranda, António Maria Alves de Oliveira, Arlindo de Macedo, Alberto Ramos e muitos outros não citados que pertenceram aos seus laços de amizade.
Da sua faceta de bom samaritano para com o próximo, sempre solícito para ajudar os necessitados, conta-se que estendeu a mão um homem apelidado de Chicolateira, detentor de um defeito físico nas pernas, muito pobre e que vivia com parcas condições, a quem dava comida e lenha para se aquecer. Um dia o infortúnio bateu-lhe à porta, vítima de bárbara agressão, e foi Manuel Rebelo quem amparou a sua defesa em tribunal.
Também como empresário da Casa Rebelo deu trabalho a muitas mulheres de Galegos e a algumas oriundas da Portela, a que Manuel Rebelo também alimentava, num tempo de enormes dificuldades e poucas condições sociais.
Morreu ainda jovem, com 52 anos de idade, quando não conseguiu lutar mais pela vida que tanto gostava. A sua passagem pelo mundo terreno deixou uma imagem que jamais se extinguirá, de pessoa com mérito, afectiva, compreensiva e tolerante. A bondade do seu coração era infindável, como sempre disse a sua filha Liseta que cumpriu os seus desejos de se tornar uma grande mulher.
No dia 1 de Setembro de 1963, domingo, ao meio dia o sino da Igreja Matriz tocou as badaladas de despedida a um homem a quem o futuro pouco sorriu mas que deixou um passado digno de história.
Rui Rebelo
In Terras de Lanhoso de 27.02.2008