Benemérito de quase todas as instituições povoenses do seu tempo, Arlindo António Lopes foi um dos “motores” da criação da Santa Casa da Misericórdia local, nascida para gerir o Hospital que o grande Benemérito e seu tio António Ferreira Lopes fundou e quis deixar de herança aos conterrâneos, nomeando-o seu principal testamenteiro. Arlindo António Lopes foi, pois, naturalmente, o homem escolhido, pelos seus pares, na fundação, para ser o primeiro provedor. Foi ainda, e ao longo de vários anos, presidente dos Bombeiros. Foi benemérito de quase todas as instituições da Póvoa de Lanhoso a quem dava regularmente excelentes ajudas. Ao SC Maria da Fonte ofereceu terreno para alargamento do campo dos Moinhos Novos. Aos pobres da terra, continuou a abrir as portas do Palacete das Casas Novas, quando ali morou com a família após o falecimento do tio Lopes de quem, nos últimos anos de vida deste, foi talvez o maior confidente.
Contudo, a terra apenas o integrou na toponímia há pouco mais de dez anos, atribuindo o seu nome a uma rua periférica, quando, o que ele merecia, era ter o nome numa das praças maiores.
Nascido na cidade do Rio de Janeiro a 14 de Maio de 1886, era filho de Emílio António Lopes — irmão de António Ferreira Lopes — e de sua primeira esposa, a açoreana D. Maria Augusta Lopes. Cresceu no Brasil, quando o pai ali se encontrava emigrado, tendo regressado à Póvoa pelos trinta e dois anos de idade. Aqui conheceu D. Maria da Conceição Guimarães, filha do Senhor da Villa Beatriz, Francisco Antunes de Oliveira Guimarães, com quem viria a casar-se em 1922 e com a qual viria a ter cinco filhos: Arlindo, Maria Elvira, Fernando, Anita e Carmen Guimarães Lopes.
Foi, juntamente com os irmãos Américo, Óscar e Maria Elvira, um dos grandes herdeiros do tio António Lopes. Morou na “Casa do Eirado”, no centro da Vila, e mais tarde adquiriu ao irmão Américo o palacete das Casas Novas, onde viria a habitar alguns anos.
Para além da gestão dos seus negócios, foi um homem que, até à morte, se dedicou às causas da Póvoa, quer como dirigente, quer como benemérito. Foi um dos Lopes que não desmereceu o apelido e o exemplo do seu tio António Ferreira Lopes.
Arlindo António Lopes viria a falecer, numa clínica do Porto onde tinha sido internado de urgência por problemas cardíacos, no dia 14 de Dezembro de 1947.
José Abílio Coelho