quinta-feira, 21 de abril de 2011

Manoel Joaquim Barbosa Castro (1820-1911) — Benemérito

Manoel Joaquim Barbosa Castro foi um dos grandes beneméritos povoenses do século XX, tendo, na construção da igreja de Nossa Senhora do Amparo, hoje matriz da paróquia da mesma devoção, a sua obra mais significativa.
Nascido na freguesia de Lanhoso (Póvoa de Lanhoso) no ano de 1820, era filho de Ricardo José Barbosa e de Maria Joaquina de Castro, pequenos proprietários agrícolas do lugar de São Pedro, portas da Vila da Póvoa. Partiu para o Brasil, crê-se que ainda bastente jovem, onde fundou, à sociedade com seu irmão Joaquim Bernardino, a “Casa Comercial Barbosa Castro”. Foi neste estabelecimento que enriqueceu, tendo, nos finais da década de 1860, regressado a Portugal, fixando residência em Lisboa. Contudo, após adquirir a Casa da Botica, passou a residir em permanência na sua Vila natal, onde já se encontrava fixado em 1872. Foi casado com D. Januária de Sá Castro, a quem, na terra, chamavam “a Brasileira”, como a própria quis deixar gravado na sua pedra tumular no jazigo que possuíam no cemitério da Vila. Deste casamento com Dona Januária de Sá Castro, nasceram, legitimamente, duas crianças: Maria de Sá Castro e Artur de Sá Castro.
Homem rico de bens materiais e de amor à sua terra, Barbosa Castro empenhou-se, após o regresso do Brasil, em vários melhoramentos locais. Do seu bolso abastado e da sua “liberalidade”, espírito que enformava quase todos os que, na segunda metade do século XIX vieram ricos do outro lado do Mar Atlântico, saiu dinheiro para muitas obras públicas, como o arranjo do Largo que teria, e ainda tem, o seu nome. Ficou também na memória das gentes da Póvoa a dedicação que votava aos pobres, a quem sempre ajudou na medida das necessidades de cada um e na da sua própria disponibilidade, como ficou registado na imprensa da época.
Contudo, o que o imortalizou, o que gravou a ouro o seu nome na história das Terras de Lanhoso foi a construção, a custas exclusivamente suas, da capela da Senhora do Amparo, hoje igreja matriz da nossa vila, obra que iniciou em 1874 e foi dada por concluída em 1882 como ficou gavado nas paredes interiores da capela mor do edifício. Em vida, sempre disponibilizou aos habitantes da Vila a sua igreja para o culto, tendo esta, após a sua morte, sido alvo de um processo judicial pela sua posse, o qual subiria até ao Supremo e acabaria por ditar a sua definitiva entrega à paróquia da Senhora do Amparo.
Em fim de vida e doente, Barbosa Castro, optou por adquirir uma habitação no Campo de Sant’Ana (actual Avenida Central), em Braga, onde viria a falecer em 16 de Março de 1911.
 O semanário “Maria da Fonte” dedicou-lhe uma extensa matéria duas semanas depois da sua morte, onde se lê que: “Senhor d’uma avultada fortuna, amealhada em longos anos de torturantes fadigas em terras de Santa Cruz, num trabalho persistente e extenuador, mas honrado e digno, como honrado e digno era o seu carácter, ninguém melhor do ele soube fazer uso dessa fortuna, conciliando o que devia aos seus, como chefe de uma numerosa família, com os sentimentos de altruísmo e de piedade, que nunca o abandonaram”.
José Abílio Coelho