Júlio Augusto Ferreira Sampaio, de seu nome completo, nasceu na freguesia de S. Gens de Calvos a 20 de Dezembro de 1871. Era filho de D. Arminda da Anunciação Ferreira Sampaio, oriunda da Casa da Botica daquela freguesia, e de pai incógnito. Ordenou-se sacerdote nos Seminários de Braga, vindo logo depois assumir a chefia da sua paróquia natal. Originário de uma família de simpatias monarquias — embora, em jovem, seu primo Gonçalo Sampaio tenha sido um fervoroso simpatizante republicano, simpatia que mais tarde abandonou para ser um dos participantes activos nos episódios da "Monarquia do Norte", no Porto — Júlio Sampaio militou no Partido Regenerador, o mais conservador dos dois grandes partidos monárquicos de então. Ainda não tinha trinta anos quando foi eleito vereador da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso, tornando-se a partir de então, um dos rostos mais visíveis dos regeneradores do concelho, liderados pelo Dr. Lisboa.
Foi administrador do concelho da Póvoa de Lanhoso por várias vezes entre 1908 e 1910, sendo o detentor do cargo quando, no dia 5 de Outubro de 1910, a República foi implantada em Portugal. No dia 11 do mesmo mês e ano, esteve presente na passagem de testemunho ao novo administrador do concelho, Dr. Adriano Vieira Martins, tendo proferido breves, mas dignas palavras: “(…) Neste momento histórico preciso frisar bem que se ontem combatia com lealdade ao lado da monarquia, que baqueou, hoje, em face do novo regime, diante do qual me curvo respeitosamente, se ele procurar a integridade e bem-estar da pátria e não hostilizar a religião de que sou ministro, não ponho dúvida em exclamar: bem-vindo seja esse regime, viva a república portuguesa!”.
A partir desta data afastou-se da política activa, dedicando-se por inteiro à paróquia de S. Gens de Calvos, onde viria a falecer, de doença prolongada, com apenas 42 anos de idade, no dia 31 de Maio de 1914.
José Abílio Coelho