José da Paixão de Carvalho Bastos nasceu na Vila da Póvoa de Lanhoso no dia 14 de Abril de 1870. Era filho do comerciante António de Carvalho Bastos e de D. Joaquina Rosa Pereira.
Concluiu os estudos básicos na terra natal, numa escola construída pelo Conde de Ferreira. Pelos onze anos os pais ainda pensaram em o fazer emigrar para o Brasil, ao cuidado de familiares que aí tinham comércio. Mas, dada a fraca estatura do rapaz, concluíram que não teria resistência para os tormentos que o esperavam e decidiram antes enviá-lo para os estudos, em Braga. Já que não podia ser mais um dos muitos emigrantes que, além Atlântico, fazia fortuna, queriam que fosse padre. Por isso, nos dois primeiros anos na cidade dos Arcebispos, Paixão Bastos estudou no Colégio Académico de Guadalupe, ligado à Igreja. Aos catorze anos, porém, o rapaz decidiu que a vida de clérigo não era o que para si desejava, pelo que, mesmo contra a vontade de seus pais, conseguiu que o transferissem para o Liceu da cidade. Demonstrou desde muito cedo profundas inclinações liberais e republicanas, das quais fez eco em vários jornais nos quais passou a colaborar.
A partir dos dezassete anos tornou-se um boémio. Dedicou-se ao teatro, às serenatas e às andanças nocturnas pela cidade. Quando não vagabundeava, acompanhado por amigos, entre os quais se destacavam algumas das figuras intelectuais de referência no distrito dessa época, dedicou-se ao jornalismo, tornando-se colaborador de jornais daquela cidade. O resultado de tudo isto é que, aos 23 anos de idade, ainda não tinha concluído os "preparatórios" que o podiam levar à Universidade, faltando-lhe aprovação na disciplina de Latim.
Desentendido com seu pai, que não via os resultados práticos do investimento com os estudos do filho, regressou à Póvoa de Lanhoso, onde se estabeleceu com uma casa comercial chamada "Loja do Povo". Mas o comércio não era a área de que gostava. Pouco tempo depois fez o curso de solicitadores em Lisboa, passando a exercer essa profissão na sua terra.
No dia 14 de Maio de 1896 viria a casar-se com Emília do Patrocínio Barbosa Bastos, filha de um rico comerciante de Lanhoso, com quem teve cinco filhos. Três deles morreram de tenra idade. A esposa viria a falecer, também, em 12 de Dezembro de 1902. Em 1905 voltaria a casar-se, desta vez com Maria Glória Ferreira Sampaio. Mas também este casamento seria breve: a segunda esposa morreria de doença pulmonar menos de um ano após o casamento.
Passou então a dedicar-se ao jornalismo e á criação dos dois filhos pequenos, tendo fundado vários jornais ("A Póvoa de Lanhoso", "O Povo de Lanhoso" e "A Gazeta Democrática") e dirigido outros ("A Maria da Fonte"). Anos mais tarde, concorreu a um lugar de escrivão de direito, profissão que desempenhou nas comarcas de Cabeceiras de Basto, Esposende e Vieira do Minho. A sua faceta mais conhecida foi, contudo, a de escritor, tendo publicado: "Abraços e Beijos" (1905); "Alma em Lágrimas (sem data); "No Coração do Minho; A Póvoa de Lanhoso Histórica e Ilustrada" (1905); "Maria Luísa Balaio ou A Maria da Fonte" (1946); e "História de Santa Cristina de Bragança" (sem data).
Faleceu na Póvoa de Lanhoso no dia 13 de Dezembro de 1947, de insuficiência cardíaca.
José Abílio Coelho