O reverendo João Crisóstomo Rodrigues de Faria nasceu na freguesia de Lanhoso a 16 de Agosto de 1866, tendo vindo a falecer em 31 de Maio de 1955. Sacerdote sem paróquia, num tempo em que as paróquias não chegavam para dar saída a tanta vocação sacerdotal, foi, durante décadas capelão do Hospital António Lopes. Mas o padre João Crisóstomo não ficou na memória do povo da Póvoa por essa razão, antes pelo seu coração caridoso para com os pobres e os doentes. Era frequente oferecer milho, legumes e até vinho da sua propriedade de Lanhoso não só ao Hospital da Misericórdia, mas, sobretudo, ao Asilo de S. José, criado na década de 1930 sob a protecção da Conferência de S. Vicente de Paula e que vivia quase exclusivamente da caridade de um conjunto de benfeitores. Os mais antigos ainda o recordam, já velhinho, ataviado no inverno com um coçado sobretudo, a visitar esta ou aquela família pobre. Sob o casacão levava sempre escondida alguma coisa para socorrer as necessidades daqueles a quem visitava. Até canhotas levava escondidas para ajudar alguns pobres a aquecerem-se nos rigorosos Invernos.
Foi um apaixonado republicano. Era na sua sepultura, no cemitério da Vila da Póvoa, que os simpatizantes da República depositavam um ramo de flores nas cerimónias comemorativas do “5 de Outubro”, como aconteceu até já depois do “25 de Abril”.
O padre João Crisóstomo faleceu na Póvoa de Lanhoso a 31 de Maio de 1955.
José Abílio Coelho