Natural da freguesia de Geraz do Minho, em cuja Casa da Bouça nasceu a 18 de Setembro de 1911, por ali brincou e cresceu, tendo sido também aí que aprendeu as primeira letras. Terminada a instrução básica, seguiu para o Porto, onde estudou mais alguns anos, até que, pelos 19 anos, regressou a Geraz e à Póvoa de Lanhoso. Com os irmãos Jovelino — regressado do Brasil havia pouco tempo — e Gumercindo participou activamente na reactivação do Sport Clube Maria da Fonte.
Em 1930 Cremildo Pereira partiu para África, mais precisamente para a província portuguesa de Moçambique, onde se empregou como contabilista da Companhia dos Caminhos de Ferro. Ali viria a casar-se pouco tempo depois.
Ainda em Moçambique, apaixonou-se pelo minibasket, uma modalidade então muito pouco conhecida, tendo-se tornado seu principal divulgador naquele território. Escrveu e publicou vários trabalhos sobre a matéria. É da sua autoria o primeiro livro com as regras do mini- basket que se publicou na África portuguesa.
Regressou a Portugal em 1975, após a “descolonização” resultante da “revolução dos Cravos”, optando por ficar a residir em Queluz, com a esposa. Nessa ocasião foi um importante rádio-amador, paixão que praticou durante vários anos e lhe granjeou inúmeros amigos pelo mundo inteiro.
Outra das suas grandes paixões foi a investigação de história local da Póvoa de Lanhoso, sua terra natal. Desde Queluz, deslocava-se quase todos os dias para Lisboa, onde, na biblioteca nacional, passava dias inteiros a tomar apontamentos que, mais tarde, serviram para a redacção de vários trabalhos historiográficos. Para além de uma colaboração regular na imprensa local, publicou uma série de estudos — todos em edição de autor, policopiada — onde abordou os feitos de alguns dos mais famosos povoenses de sempre: a Revolução da Maria da Fonte, a figura do herói da conquista de Lisboa, Martin Moniz, ou as Invasões Francesas, foram alguns dos temas que desenvolveu, e que reuniu numa publicação que intitulou de "Heróis das Terras de Lanhoso". A história familiar também o entusiasmou, de tal modo que chegou a fazer uma árvore genealógica dos Pereiras de Berredo (Gerás) que recuava ao miolo da Idade Média. Cremildo Pereira publicou ainda alguns outros pequenos trabalhos sobre figuras da sua freguesia de Geraz do Minho. Na década de 80 do século XX redigiu uma pequena monografia do concelho da Póvoa de Lanhoso, que se mantém inédita.
Cremildo Pereira viria a falecer no dia 10 de Março de 2005 em Queluz — onde ficou sepultado.
José Abílio Coelho